Desastre de Mariana: BHP e Vale se manifestam sobre decisão da Justiça inglesa

Mineradoras ressaltaram confiança de que acordo firmado em 2024 no Brasil é caminho mais rápido para reparação dos impactados

Rompimento da barragem de Mariana terá repactuação por meio de acordo

Após a decisão da Justiça do Reino Unido, que nesta sexta-feira (14) considerou a mineradora BHP responsável pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015, a empresa informou que pretende recorrer da decisão.

Em nota, a BHP afirmou que continua empenhada, juntamente com a Vale e a Samarco, no processo de reparação, seguindo o acordo firmado no Brasil.

“A BHP Brasil, junto à Vale e Samarco, continua empenhada na implementação do acordo firmado em outubro de 2024, o qual assegurou um total de 170 bilhões de reais para os processos de reparação e compensação em curso no Brasil”, diz a empresa.

“Desde 2015, aproximadamente 70 bilhões de reais foram pagos diretamente às pessoas da Bacia do Rio Doce e direcionados às entidades públicas no Brasil. Mais de 610 mil pessoas receberam indenização, incluindo aproximadamente 240 mil autores na ação do Reino Unido que outorgaram quitações integrais. A Corte inglesa confirmou a validade dos acordos celebrados, o que deverá reduzir significativamente o tamanho e valor da ação em curso. A BHP continua confiante de que as medidas tomadas no Brasil são o caminho mais efetivo para uma reparação integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente e seguirá com sua defesa no caso britânico”, finaliza a mineradora.

Decisão no Reino Unido

A justiça do Reino Unido decidiu que a mineradora BHP também é responsável pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana. A sentença desta sexta-feira (14) representa o primeiro reconhecimento formal da responsabilidade da BHP na tragédia. A mineradora é uma das controladoras da Samarco, empresa que operava a barragem.

Vale também se manifesta

Por meio de um fato relevante divulgado minutos após a decisão da Justiça inglesa, a Vale informou que considera o acordo fechado no Brasil a forma mais “rápida e eficiente” para reparar os danos e compensar os impactados.

“A Vale S.A. (“Vale” ou “Companhia”) confirma que a Alta Corte da Inglaterra considerou a BHP Group Ltd. e a BHP Group UK Ltd. (conjuntamente, “BHP”) responsáveis, sob a legislação brasileira, pelo rompimento da barragem de Fundão, operada pela Samarco Mineração S.A. (“Samarco”), em 2015. A decisão também confirmou a validade das renúncias e termos de quitação assinados por reclamantes já indenizados no Brasil, o que reduzirá o número de reclamantes e o valor das demandas”, diz a empresa.

“Em julho de 2024, Vale e BHP firmaram um acordo confidencial pelo qual a responsabilidade será compartilhada igualmente por qualquer valor que a BHP (no processo inglês) ou a Vale (no processo holandês) 2 seja condenada a pagar. Vale e BHP permanecem confiantes de que o Acordo Definitivo, assinado em outubro de 2024 no Brasil, oferece os mecanismos mais rápidos e eficazes para compensar os impactados”, informou a Vale.

A Vale informou ainda ao mercado sobre previsões de desembolsos par a reparação pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana.

“Considerando o exposto, a Companhia estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras de 31 de dezembro de 2025 para obrigações decorrentes do rompimento da barragem de Fundão. Em 30 de setembro de 2025, a Vale já havia reconhecido uma provisão de US$ 2,401 bilhões para obrigações sob o Acordo Definitivo no Brasil. Os desembolsos futuros relacionados ao Acordo Definitivo permanecem alinhados aos valores divulgados no release de resultados do 3º trimestre de 2025", diz a nota da mineradora.

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Editor de Política. Formado em Comunicação Social pela PUC Minas e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Já escreveu para os jornais Estado de Minas, O Tempo e Folha de S. Paulo.

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