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Empresários de cidade mineira denunciam calote de empresas ligadas à Fundação Renova

Ex-prefeito de Mariana e presidente de Câmara municipal criticam Vale, BHP e afirmam que comerciantes locais seguem sem indenização e sem retorno de ofícios

O rompimento da barragem de Fundão matou 19 pessoas e gerou dano ambiental ainda incalculável. A estrutura era administrada pela Samarco, mineradora controlada pela Vale e pela BHP Billiton

Empresários e autoridades estão cobrando respostas da Fundação Renova, da Vale, da BHP e da Samarco sobre prejuízos causados ao comércio da cidade. Segundo relatos enviados à Itatiaia, empresas terceirizadas contratadas pela Renova deixaram dívidas que já ultrapassam R$ 500 mil com comerciantes locais.

O ex-prefeito de Mariana, Duarte Júnior, afirmou à reportagem que a situação preocupa, principalmente porque a mesma empresa envolvida em problemas na cidade foi novamente contratada em Barra Longa.

“É muito grave. Empresas terceirizadas deram prejuízo de mais de meio milhão de reais a vários empresários locais. O que nos deixa perplexos é que a empresa Contemporânea já tinha dado prejuízo em Mariana, mas lá a Fundação Renova pagou os empresários locais. Depois a própria Renova ainda contrata a Contemporânea em Barra Longa”, disse.

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Ele também destacou que a Câmara Municipal de Barra Longa tentou diálogo com a Fundação Renova, mas não obteve retorno.

“A Renova não respondeu o ofício da Câmara, não aceitou conversar com os empresários. Alguns tiveram que demitir, outros passam por situação financeira extremamente difícil. Eles simplesmente viraram as costas e fazem cara de paisagem”, seguiu.

Duarte Júnior lembrou ainda que a Renova foi criada pela Vale e pela BHP após o rompimento da barragem de Fundão.

“Tudo isso porque a Fundação Renova vai acabar e os empresários não terão a quem recorrer. A culpa é da Vale e da BHP, porque eles criaram a Renova para não expor sua imagem. As duas maiores mineradoras do mundo estão prejudicando pequenos e médios empresários”.

Cobrança da Câmara Municipal

O presidente da Câmara Municipal de Barra Longa, Greison Anderson, reforçou a cobrança, chamando-a de “inadmissível”. “Nós, que representamos o povo, sequer recebemos resposta dos nossos ofícios. Comerciantes levaram prejuízos que ultrapassam a casa de meio milhão de reais”, afirmou.

Segundo ele, Barra Longa foi o município mais impactado ao longo do percurso da lama. “Foi o único dos 49, entre Minas e Espírito Santo, que teve área urbana e rural imersas nesse tsunami de lama. E até hoje vemos essa injustiça, principalmente com os comerciantes, pessoas que geram emprego e renda e que estão tomando esse verdadeiro calote”, disse.

A Câmara informou que vai protocolar uma nova moção de repúdio contra a Vale e a BHP e não descarta outras medidas para cobrar os ressarcimentos.

A reportagem entrou em contato com a Vale, BHP e Samarco para esclarecimentos e aguarda retorno. O espaço segue aberto.

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