Empresários e autoridades estão cobrando respostas da Fundação Renova, da Vale, da BHP e da Samarco sobre prejuízos causados ao comércio da cidade. Segundo relatos enviados à Itatiaia, empresas terceirizadas contratadas pela Renova deixaram dívidas que já ultrapassam R$ 500 mil com comerciantes locais.
O ex-prefeito de Mariana, Duarte Júnior, afirmou à reportagem que a situação preocupa, principalmente porque a mesma empresa envolvida em problemas na cidade foi novamente contratada em Barra Longa.
“É muito grave. Empresas terceirizadas deram prejuízo de mais de meio milhão de reais a vários empresários locais. O que nos deixa perplexos é que a empresa Contemporânea já tinha dado prejuízo em Mariana, mas lá a Fundação Renova pagou os empresários locais. Depois a própria Renova ainda contrata a Contemporânea em Barra Longa”, disse.
Ele também destacou que a Câmara Municipal de Barra Longa tentou diálogo com a Fundação Renova, mas não obteve retorno.
“A Renova não respondeu o ofício da Câmara, não aceitou conversar com os empresários. Alguns tiveram que demitir, outros passam por situação financeira extremamente difícil. Eles simplesmente viraram as costas e fazem cara de paisagem”, seguiu.
Duarte Júnior lembrou ainda que a Renova foi criada pela Vale e pela BHP após o rompimento da barragem de Fundão.
“Tudo isso porque a Fundação Renova vai acabar e os empresários não terão a quem recorrer. A culpa é da Vale e da BHP, porque eles criaram a Renova para não expor sua imagem. As duas maiores mineradoras do mundo estão prejudicando pequenos e médios empresários”.
Cobrança da Câmara Municipal
O presidente da Câmara Municipal de Barra Longa, Greison Anderson, reforçou a cobrança, chamando-a de “inadmissível”. “Nós, que representamos o povo, sequer recebemos resposta dos nossos ofícios. Comerciantes levaram prejuízos que ultrapassam a casa de meio milhão de reais”, afirmou.
Segundo ele, Barra Longa foi o município mais impactado ao longo do percurso da lama. “Foi o único dos 49, entre Minas e Espírito Santo, que teve área urbana e rural imersas nesse tsunami de lama. E até hoje vemos essa injustiça, principalmente com os comerciantes, pessoas que geram emprego e renda e que estão tomando esse verdadeiro calote”, disse.
A Câmara informou que vai protocolar uma nova moção de repúdio contra a Vale e a BHP e não descarta outras medidas para cobrar os ressarcimentos.
A reportagem entrou em contato com a Vale, BHP e Samarco para esclarecimentos e aguarda retorno. O espaço segue aberto.