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A legenda, que perdeu grande parte do capital político e eleitoral que tinha na década passada após a ascensão do bolsonarismo e do esfacelamento da rivalidade com o PT, tenta se reerguer e voltar a ser competitiva para 2026.
Em 2022, quando concorreu ao Palácio do Planalto pela última vez, Ciro também comentou sua relação com Aécio, afirmando que há anos não tinha qualquer tipo de contato com o deputado federal e que não tinha planos de pedir apoio a ele. “Nem pretendo ter”, ponderou à época.
Um interlocutor ligado ao cearense afirmou à reportagem que ele deve chegar ao partido sem grandes afrontes, ignorando em grande parte as antigas colisões com Aécio Neves. Contudo, também não está previsto estreitamento de relações com o antigo desafeto.
Filiação é vista com bons olhos
Internamente, a legenda enxerga com bons olhos a recém filiação de Ciro, que fortalece o partido especialmente no Nordeste, terra dominada pelos quadros petistas. O antigo pedetista foi um dos fundadores do PSDB e foi o primeiro governador eleito pelo partido.
Questionado sobre uma possível rivalidade interna entre os dois protagonistas do partido, Ciro Gomes e Aécio Neves, o presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, nega que seja uma possibilidade e prega uma convivência baseada na soma entre os dois.
“Nós não vemos nenhum tipo de competição. O Ciro é para somar e somar o projeto do governo do Ceará. É uma liderança que tem expressão nacional. Ele foi candidato a presidente várias vezes, foi um governador bem sucedido do Ceará. Ministro, bom, então ele é bem-vindo, mas não há essa preocupação da nossa parte”, pontua.
Aécio dá boas vindas a Ciro
Em nota publicada nas redes sociais, Aécio Neves deu boas vindas a Ciro Gomes após sua filiação ao PSDB. “O PSDB recebe hoje, com satisfação, a filiação do ex-governador Ciro Gomes. Trata-se de uma das mais expressivas lideranças do Ceará e do Brasil”, pontua.
“Esse reencontro simboliza a valorização do diálogo e da boa política em um momento em que o país precisa lutar para superar a polarização que paralisa o debate e empobrece a vida pública. Seja bem vindo, governador Ciro Gomes”, comentou.
De saída do PDT
Os últimos anos de Ciro Gomes no PDT, partido ao qual era filiado desde 2015, foram marcados por desgastes internos.
No Ceará, a aproximação da legenda com o PT, partido do presidente Lula, vinha incomodando o ex-governador do estado.
Em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Ciro afirmou à Itatiaia que estava “muito infeliz” no PDT e com os rumos da legenda.
O último racha interno ocorreu durante as eleições municipais de 2024, em Fortaleza. Após o então prefeito, José Sarto, não conseguir emplacar a candidatura no segundo turno, o PDT tinha duas opções: apoiar Evandro Leitão (PT), aliado do presidente Lula e do governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), ou embarcar com André Fernandes (PL), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Diante desse cenário, o PDT optou pela neutralidade. Internamente, os membros se dividiram entre os dois candidatos à prefeitura. Ciro, embora não tenha declarado publicamente apoio a Fernandes, chamou Leitão de “ridículo” dias antes do segundo turno.
Em Belo Horizonte, em setembro deste ano, o ex-pedetista voltou a afirmar, em entrevista à Itatiaia, que estava “muito infeliz” na legenda.
Na última sexta-feira (17), conforme apurado pela Itatiaia, o pedido de desfiliação foi feito por meio de uma carta enviada ao presidente nacional da sigla, Carlos Lupi.
No mesmo dia, o presidente estadual do PSDB anunciou a filiação do ex-pedetista, em articulação com o ex-senador Tasso Jereissati.
Sem Aécio e Perillo, ato de filiação aconteceu em Fortaleza
O deputado Aécio Neves e o ex-governador goiano Marconi Perillo não participaram do evento que marcou a ida de Ciro ao PSDB, realizado na última quarta-feira (22).
A cerimônia, que ocorreu em um hotel em Fortaleza, contou, no entanto, com a presença de antigos críticos de Ciro, como o deputado federal André Fernandes — a quem o ex-governador chamou de “jovem talento”.
