Quem será o herdeiro político do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL)? Os governadores Romeu Zema (Novo), Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ratinho Júnior (PSD) e Ronaldo Caiado (União), que esteve nesta terça-feira em Belo Horizonte, estão em campanha aberta pelo espólio eleitoral. Publicamente, fazem gestos de solidariedade e, à exceção de Ratinho, prometem indulto ao ex-presidente caso sejam eleitos. Ao mesmo tempo, pregam a aprovação no Congresso Nacional da anistia ampla, geral e irrestrita. Tarcísio vai além. Entrou de cabeça na articulação pela matéria e já alcança maioria na Casa.
O governador de São Paulo engrossa o coro da federação União-Progressista que, nesta terça-feira decidiu desembarcar do governo Lula e abraçar o projeto de anistia. Ao entregar a “anistia” , o Centrão vai negociar o apoio de Bolsonaro a Tarcísio.
Tarcísio e Romeu Zema também estarão presentes em mais um ato pró-Bolsonaro na avenida Paulista no Dia da Independência, em 7 de setembro, que ocorrerá em meio ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Todos os sinais de solidariedade possíveis serão divulgados nesse jogo de demonstração de lealdade a Jair Bolsonaro. Mas, ao mesmo tempo, na intimidade das conversas de pé de ouvido, os quatro governadores presidenciáveis articulam apoios mirando a era pós-Bolsonaro. Sabem que o ex-presidente, que já está inelegível, muito provavelmente será condenado, e querem ocupar esse espaço no campo bolsonarista.
Não à toa, Eduardo Bolsonaro, dos Estados Unidos, segue atirando contra os governadores presidenciáveis, aos quais já chamou de “ratos oportunistas”. O filho defende que o espólio eleitoral do pai fique na família. Apesar dos gestos, os governadores sabem que se a matéria passar nas casas legislativas, ela poderá ser questionada no STF. Por isso, Hugo Motta (Republicanos-PB) quer conversar com o STF antes de pautar a matéria.
É assim que governadores seguem na corrida pelo apoio de Bolsonaro: dão com uma mão e esperam, da outra, o apoio do ex-presidente.
