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Provável suplente de Zambelli já quebrou placa que denunciava genocídio da população negra

Na época, Coronel Tadeu pediu desculpas, mas afirmou que não se arrependia do gesto que, para ele, era “ofensivo” aos policiais

Coronel Tadeu foi deputado entre 2019 e 2022, mas não conseguiu se eleger para 2023.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e afirmou, nesta terça-feira (3), que irá pedir afastamento do cargo na Câmara dos Deputados. O suplente da parlamentar, que deve assumir a cadeira no Congresso, é o Coronel Tadeu (PL-SP), oficial da reserva da Polícia Militar e ex-deputado federal.

Durante o mandato, iniciado em 2019, Tadeu protagonizou um episódio polêmico ao rasgar uma placa que denunciava o genocídio da população negra. A peça, do cartunista Latuff, mostrava um policial com uma arma se afastando após atirar em um jovem algemado.

Na época, o então deputado pediu desculpas, mas defendeu o gesto, alegando que o cartaz era “ofensivo aos policiais”. Em 2021, o Conselho de Ética da Câmara aprovou contra ele uma punição de censura verbal.

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Atuação na Câmara

Durante sua atuação parlamentar, Coronel Tadeu foi membro das comissões de Constituição e Justiça, Segurança Pública, Viação e Transportes, além da Comissão Mista de Orçamento.

Ele também era apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), chegando a atuar como vice-líder do governo na Câmara.

Zambelli deixa o Brasil

A deputada anunciou que deixou o país em entrevista à rádio Auri Verde, do município de Bauru, em São Paulo.

No fim de maio, a defesa de Zambelli apresentou um recurso ao STF contra a decisão da Primeira Turma da Corte, que a condenou a dez anos de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os advogados da parlamentar alegaram cerceamento de defesa e afirmaram não ter tido acesso completo às provas produzidas durante a investigação. Com base nisso, pediram a absolvição da deputada e o afastamento das demais consequências da decisão, como a perda do mandato. Eles também contestam a condenação ao pagamento de R$ 2 milhões por danos coletivos.

Zambelli também responde, no STF, a um inquérito por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. O julgamento foi interrompido em março, após um pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Na tarde desta terça, após a repercussão do caso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a prisão preventiva da deputada e a inclusão de seu nome na lista da Interpol.

Terceiro suplente

Coronel Tadeu é o terceiro suplente do Partido Liberal. Pela ordem, ele deve assumir a vaga de Zambelli porque os dois primeiros suplentes já estão em exercício:

Adilson Barroso assumiu como deputado após Guilherme Derrite deixar o cargo para ocupar a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.

Missionário José Olímpio, por sua vez, assumiu a vaga de Eduardo Bolsonaro, que também deixou o país.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.