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Áudios mostram que agente da PF temia ser preso no governo Lula após derrota de Bolsonaro

Em gravações periciadas pela Polícia Federal, o agente Wladimir Soares menciona medo de retaliação, critica o STF e lamenta recuo de Bolsonaro

Wladimir Soares afirmou que integrava grupo de operações especiais, pronto para agir contra posse de Lula.

Áudios periciados pela Polícia Federal (PF) mostram que o agente da PF, Wladimir Soares, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por participação na tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas em 2022, temia ser preso durante o governo do presidente Lula (PT).

No material, incluído no processo sob relatoria do Supremo Tribunal Federal (STF), o policial demonstra estar desacreditado quanto a uma reviravolta e lamenta a ausência de figuras como os militares João Figueiredo e Emílio Médici, ex-presidentes da ditadura militar. “Um absurdo, mas agora é tocar os quatro anos. Tomara que ele [Lula] não queira se vingar das pessoas que combateram ele, né? Agora imagine as articulações que não estão na cabeça de um José Dirceu, bicho?”, disse.

Wladimir afirma que quem “manda” no Brasil seria o ministro do STF, Alexandre de Moraes. “Bastava tão somente, para dar um susto, dissolver o Supremo por desrespeito à Constituição”, afirmou.

O policial também alerta o destinatário dos áudios para “tomar cuidado”. “Os generais estão ‘mijando’ para trás, imagina os delegados, se acontecer alguma coisa?”, alertou.

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Nos áudios, Wladimir ainda diz que Bolsonaro saiu do Brasil, após a derrota nas eleições, pois ficou “com medo” e para “tentar esfriar as coisas”. “Era só virar o ano, se Bolsonaro continuasse aí, ia ser preso, meu irmão”, declarou.

O ex-presidente foi para os Estados Unidos e não passou a faixa presidencial para Lula durante a posse, no dia 1º de janeiro.

Para os investigadores, os áudios comprovam a gravidade das suspeitas contra o policial federal, que poderá ser julgado no Supremo junto com outros acusados de envolvimento na tentativa de golpe.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio