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Agente da PF diz que grupo estava pronto para golpe e acusa Bolsonaro de recuar após ‘traição’ de generais

Em áudio revelado, Wladimir Soares afirma que grupo armado esperava apenas ‘canetada’ do ex-presidente para agir

O policia federal, Wladimir Matos, preso por integrar um plano para assassinar o presidente Lula

A Polícia Federal incluiu em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) áudios atribuídos ao agente da corporação Wladimir Soares, em que ele descreve a existência de um grupo armado disposto a impedir a posse do então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em janeiro de 2023.

Leia mais: Áudios mostram que agente da PF temia ser preso no governo Lula após derrota de Bolsonaro

O conteúdo das gravações, segundo investigadores, reforça a suspeita de envolvimento do policial na articulação de uma tentativa de golpe de Estado após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

Soares está preso desde novembro do ano passado e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por integrar o núcleo operacional de um suposto plano golpista. Em um dos trechos dos áudios, o agente afirma que o grupo aguardava apenas uma “canetada” do então presidente Bolsonaro para agir.

“Estava pronto para defender o presidente armado, com poder de fogo elevado pra empurrar quem viesse à frente”, diz ele.

O policial também acusa generais do Exército de terem “se vendido ao PT” por não apoiarem a empreitada. Em outro momento, afirma que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, “tinha que ter tido a cabeça cortada”, em referência ao episódio em que Moraes vetou a nomeação de um diretor da Polícia Federal por Bolsonaro.

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Em tom de frustração, o agente critica a falta de ação do ex-presidente: “Bolsonaro faltou um pulso pra dizer: ‘não tem general, tem coronel. Vamos com os coronéis’, porque a tropa toda queria. 100%. Só os generais que não deixavam”, afirmou.

As declarações se somam a elementos já reunidos no inquérito que apura a atuação de civis, militares e agentes públicos na tentativa de impedir a posse de Lula.

Punhal Verde e Amarelo

Wladimir Soares é investigado por supostamente ter participado do chamado plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o assassinato do presidente da República, do vice, Geraldo Alckmin (PSB), e de Moraes.

De acordo com a corporação, o agente teria se infiltrado na equipe de segurança de Lula durante o período de transição e repassado informações sigilosas ao grupo conspirador.

A PGR sustenta que o material comprova a gravidade da ameaça à ordem democrática e ao funcionamento regular das instituições. O caso segue sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio