Ouvindo...

Donos de agências relatam prejuízos e cobram medidas da ViagensPromo na ALMG

Alguns dos proprietários relataram prejuízos que ultrapassam os R$ 300 mil por conta de supostos “calotes” dados pela operadora

Representantes e proprietários de agências turísticas que supostamente foram prejudicadas pela empresa foram ouvidas.

Uma audiência pública na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ouviu, nesta terça-feira (29), representantes de agências de turismo que teriam sido prejudicadas pela ViagensPromo, acusada de supostos “calotes” financeiros.

Em alguns casos, os donos das agências relataram prejuízos em torno de R$ 450 mil, como é o caso de Fernando Alves de Moura, responsável pela IB Turismo, que atua em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Apesar disso, ele afirmou que a empresa irá “honrar” os compromissos assumidos com os clientes.

Leia também

Outro proprietário, Hamilton Antunes Saliba Júnior, sócio da Saliba Viagens, de Divinópolis, relatou que chegou a ir a São Paulo para se encontrar com Renato Kido, fundador da ViagensPromo, que lhe garantiu o pagamento das dívidas — o que, até o momento, não aconteceu.

Durante a audiência, ele contou que sua agência já acumula dívidas de R$ 300 mil e que “não sabe o que fazer”. “Não tenho de onde tirar esse dinheiro. Tivemos que fazer empréstimos para sobreviver. Quantas noites de sono nós perdemos!”, desabafou aos parlamentares que acompanhavam a sessão.

Caso ViagensPromo

A operadora de turismo ViagensPromo atua como intermediária na venda de passagens aéreas e reservas de hospedagem para agências de viagens. A empresa cresceu oferecendo pacotes para destinos nacionais, especialmente para o Nordeste, com preços relativamente acessíveis.

Desde 2024, no entanto, diversos turistas e agências começaram a relatar problemas com reservas, voos cancelados de última hora e dificuldades para obter suporte da operadora.

Em março deste ano, a Gol anunciou o encerramento do contrato com a ViagensPromo, alegando uma dívida de R$ 1 milhão referente a fretamentos e taxas de embarque.

No mesmo mês, a Secretaria Nacional do Consumidor notificou a operadora para prestar esclarecimentos sobre o cancelamento dos voos fretados. Em nota, a empresa afirmou estar em “negociação” com parceiros comerciais para tentar “minimizar” os impactos nas agências e nos consumidores.

Somente em Minas Gerais, pelo menos 200 agências foram impactadas, com um prejuízo estimado em R$ 5 milhões, segundo informações do Movimento Organizado dos Agentes de Viagem.

Propostas e medidas

O deputado Professor Cleiton (PV), responsável por solicitar a audiência pública, propôs a criação de medidas legais que estabeleçam uma “responsabilidade solidária”, a fim de que os agentes de viagens não sejam responsabilizados por erros cometidos por uma empresa do porte da ViagensPromo.

Ele também sugeriu uma articulação entre o Ministério do Turismo e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) para a criação de um “fundo garantidor” que ampare a categoria.

A vice-presidente da comissão, deputada Carol Caram (Avante), defendeu que a ViagensPromo responda pelos crimes de fraude e estelionato.

Jornalista pela UFMG com passagem pela Rádio UFMG Educativa. Na Itatiaia desde 2022, atuou na produção de programas, na reportagem na Central de Trânsito e, atualmente, faz parte da editoria de Política.