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Lewandowski apresenta PEC da Segurança com mudanças ao Congresso

Alterações no texto foram feitas, segundo o Ministério da Justiça, para justificar que estados não ter autonomia reduzida na gestão das polícias civil e militar

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, apresentou nesta terça-feira (8) ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), uma nova versão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. O texto traz alterações significativas em relação à versão divulgada no ano passado, que havia gerado resistência por parte de governadores.

Segundo a minuta obtida pela Itatiaia, uma das principais mudanças é o reconhecimento das guardas civis municipais como integrantes do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP). O novo texto define como competência das guardas o policiamento ostensivo e comunitário — ponto que deve ampliar a atuação das corporações nas cidades brasileiras.

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Outra mudança foi a inclusão de um parágrafo que explicita que as novas atribuições da União “não excluem as competências comum e concorrente dos demais entes federados”, “nem restringem a subordinação das polícias militares, civis e penais e as dos corpos de bombeiros militares aos Governadores dos Estados e Distrito Federal”.

A inclusão desse trecho foi uma resposta direta às críticas de governadores, que temiam interferência indevida da União sobre a segurança estadual.

Atendendo ainda a sugestões dos chefes dos Executivos estaduais, o texto também passa a prever a inclusão de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social. O colegiado terá a responsabilidade de formular diretrizes para a atuação das forças de segurança em todo o país.

Sistema integrado

A proposta do Ministério da Justiça tem como principal objetivo dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018. A ideia é consolidar e ampliar a integração entre União, estados e municípios na formulação e execução de políticas de segurança pública.

Entre as medidas previstas, estão a institucionalização do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, que reunirá representantes dos entes federativos e da sociedade civil. O colegiado será responsável por discutir estratégias conjuntas para o setor, com foco especial no combate ao crime organizado.

Um dos pilares da PEC é a padronização de dados e protocolos entre os órgãos de segurança. Hoje, o Brasil conta com 27 sistemas distintos de certidões de antecedentes criminais, boletins de ocorrência e mandados de prisão. A proposta visa unificar esses procedimentos, facilitando o intercâmbio de informações e aumentando a eficácia das ações policiais.

Apesar da busca por integração, o Ministério da Justiça esclarece que não haverá centralização dos sistemas de tecnologia da informação. Ou seja, os estados poderão continuar utilizando suas próprias plataformas, sem a obrigatoriedade de migrar para sistemas federais.

A nova proposta deve passar agora pela análise da Câmara dos Deputados, onde precisará ser aprovada nas comissões e do apoio de três quintos dos parlamentares em duas votações no Plenário para ser aprovada.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio