Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) mostram que um dos militares que planejaram um golpe de Estado, o coronel Roberto Raimundo Criscuoli, falou sobre a possibilidade de uma guerra civil no país com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
“Se nós não tomarmos a rédea agora, depois eu acho que vai ser pior. Na realidade, vai ser guerra civil agora ou guerra civil depois. Só que a guerra civil agora tem uma justificativa, o povo tá na rua, nós temos aquele apoio maciço”, defendeu o militar em uma mensagem de voz enviada ao general Mário Fernandes, outro envolvido na trama golpista.
Criscuoli afirmou que Lula acabaria com o Exército meses depois, o que justificaria a tomada de poder imediatamente.
“Daqui a pouco nós vamos entrar numa guerra civil, porque daqui a alguns meses esse cara [Lula] vai destruir o Exército, vai destruir tudo, aí o povo vai dizer assim: ‘Agora que mexeram com vocês, vocês vão pra rua? Vocês resolvem tomar?’. Então vai ficar feio, porque ele vai destruir todo o Exército, ele vai mandar todos os [generais de] quatro estrelas embora”, declarou.
No áudio, o coronel demonstra também um desprezo à democracia e chega a mencionar o termo “quatro linhas” utilizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando se refere à legalidade de suas ações.
“Democrata é o cacete. Não tem que ser mais democrata mais agora. ‘Ah, não vou sair das quatro linhas’. Acabou o jogo, pô. Não tem mais quatro linhas. Agora, o povo da rua tá pedindo pelo amor de Deus”, pontuou.