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Comissão da Câmara adia votação de proposta que pode proibir aborto no Brasil

Texto do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha altera o artigo 5º da Constituição para estabelecer que o direito à vida é inviolável “desde a concepção“

Deputada Chris Tonietto (PL-RJ) é a relatora da proposta; parlamentar é abertamente contrária ao aborto

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados adiou nesta quarta-feira (13) a votação de uma proposta de Emenda à Constituição (PEC) para impedir o aborto no Brasil, mesmo nos casos previstos em lei.

Deputados governistas pediram vista (mais tempo para análise) do parecer favorável da relatora, a bolsonarista Chris Tonietto (PL-RJ). A medida faz com que a proposta só volte à pauta da comissão após duas sessões do plenário.

O texto, de autoria do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (Republicanos), altera o artigo 5º da Constituição para estabelecer que o direito à vida é inviolável “desde a concepção”.

Em sua justificativa, Cunha argumenta que “a vida não se inicia com o nascimento e sim com a concepção”. Assim, segundo ele, a garantia tem que ser estendida também aos fetos.

Na prática, se a PEC for aprovada, ficam prejudicadas as hipóteses em que o aborto é permitido atualmente: quando a gestação coloca risco à vida da mulher, em casos de estupro ou de anencefalia do feto.

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Caso a CCJ aprove a proposta, o texto ainda precisará passar pela análise de uma comissão especial e, posteriormente, receber no mínimo 308 votos em dois turnos de votação no plenário da Câmara antes de seguir para o Senado.

Outra tentativa

Essa é a segunda vez que deputados de oposição e da bancada evangélica tentam restringir os direitos relacionados ao aborto no Brasil.

No primeiro semestre, uma proposta do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) causou polêmica ao considerar crime a interrupção da gravidez, mesmo em casos previstos por lei, criando uma pena equivalente ao de um homicida.

A ideia do PL 1904/24 é que houvesse uma punição para situações em que o aborto seja realizado após 22 semanas de gestação. A pena seria de seis a 20 anos de prisão.

Em junho, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou a criação de uma comissão para debater o projeto. Desde então, o assunto praticamente morreu no Congresso.


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Repórter de política em Brasília. Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), chegou na capital federal em 2021. Antes, foi editor-assistente no Poder360 e jornalista freelancer com passagem pela Agência Pública, portal UOL e o site Congresso em Foco.
Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio