A fala problemática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
“Janja me alertou de uma coisa. Ela falou: ‘Amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar porque essa gente tem a sensibilidade aguçada’. Então, eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema”, brincou Lula.
Nesse instante, a plateia aplaudiu e gritou o nome de Janja. “Também, se eu falar alguma palavra, nesses assuntos vocês são os especialistas. Eu sou um analbafeto e tenho que aprender a cuidar de vocês com carinho”, disse o presidente na sequência, antes de ler o discurso preparado por seus assessores.
A decisão de evitar o improviso, e possíveis novas gafes, veio um dia após Lula afirmar que é “inacreditável” que a violência contra a mulher aumente depois de jogos de futebol. Na sequência, o presidente fez uma brincadeira de mau gosto ao dizer que “se o cara é corinthiano, tudo bem”.
A 5ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que se encerra nesta quarta-feira, em Brasília, contou com a participação do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e a ministra do do planejamento e orçamento, Simone Tebet.
Na ocasião, o governo anunciou a criação do Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, medida que visa facilitar a emissão padronizada da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea).
Dívida histórica
Em seu discurso, lido, o presidente Lula criticou a falta sensibilidade dos governos anteiores de suspender a realização da conferência que discute políticas públicas de inclusão as pessoas com deficiência. A última edição da Conferência ocorreu há oito anos.
Ainda segundo o presidente, o governo tem uma dívida histórica com a sociedade, especialmente a parcela mais carente, o que inclui os pobres e as pessoas com deficiência.
“O país ainda tem muitas dívidas sociais com o nosso povo, é impagável. Eu brigo todo santo dia no governo, porque toda vez que vamos discutir um assunto qualquer sempre aparece um artigo no jornal, um artigo na revista, um comentarista dizendo que vai gastar muito [...] A pergunta que eu faço é a seguinte, quanto custou a essa país não cuidar das coisas certas no tempo certo?”, questionou Lula.