A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (11) mais uma fase da operação que investiga o uso irregular da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022). A operação é batizada de ‘Última Milha’, em referência ao software FirstMile, que teria sido usado ilegalmente para espionar políticos, autoridades e jornalistas.
Nessa 4ª fase da operação, os policiais federais cumprem cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), nas cidades de Brasília/DF, Curitiba/PR, Juiz de Fora/MG, Salvador/BA e São Paulo/SP.
O foco das investigações agora está nos membros que faziam parte do chamado ‘gabinete do ódio’ - nome dado a um grupo de assessores de Jair Bolsonaro que atuavam no Palácio do Planalto como uma espécie de milícia digital, coordenando ataques direcionados a adversários do ex-presidente.
Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas.
A organização criminosa, segundo atribui a Polícia Federal, também usou a estrutura da Abin para acessar ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos. A estrutura chegou a ser conhecida como ‘Abin paralela’.
Na época, a agência era chefiada pelo delegado da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, que hoje é deputado federal pelo PL-RJ e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
Delegado entre os alvos
Um dos alvos da operação desta quinta-feira é o delegado da Polícia Federal, Marcelo Araújo Bormevet, que fez parte da equipe de segurança de Jair Bolsonaro durante a campanha de 2018.
Apesar de fazer parte da PF, ele foi cedido à Abin e nomeado como chefe do Centro de Inteligência Nacional. No cargo, a suspeita é que Marcelo teria usado a estrutura da Abin para monitorar ilegalmente adversários e críticos do governo.
Atualmente, ele está suspenso de exercer suas funções públicas, em virtude de uma decisão do Ministro Alexandre de Moraes, STF, proferida em 25 de janeiro de 2024, relacionada a uma fase anterior da investigação sobre a “Abin paralela”.
Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.