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Marina Silva crítica PL do aborto e reforça oposição do governo ao projeto discutido na Câmara

Apesar de o governo Lula não ter se posicionado oficialmente durante a votação pela urgência da proposta, ministros e primeira-dama tem adotado posição contrária à proposta

Marina Silva entrou para a lista de ministros que criticaram o PL do Aborto

A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, foi mais uma representante do governo Lula a se manifestar contrária ao PL 1904/2024, chamado de PL do Aborto. Questionada sobre a proposta durante entrevista no Palácio do Planalto nesta sexta-feira (14), ela disse que a proposta equipara o aborto ao crime de homicídio, de “atitude altamente desrespeitosa e desumana”.

“É um tema complexo e delicado na sociedade brasileira. Eu, pessoalmente, sou contra o aborto, mas eu acho que é uma atitude altamente desrespeitosa e desumana com as mulheres achar que o estuprador deve ter pena menor do que a mulher estuprada e que não teve condição de ter acesso dentro do tempo para fazer uso da lei que lhe assegura o direito ao aborto legal”, afirmou a ministra que chefia a pasta do meio ambiente.

Durante a votação do regime de urgência para tramitação do projeto na última quarta-feira (12), a base do governo na Câmara dos Deputados não se opôs e a questão foi aprovada em votação simbólica.

Apesar de o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE) afirmar oficialmente que a pauta não é do interesse do governo, ministros de estado e até a primeira-dama têm opinado de forma contrária ao projeto.

Mais cedo, a primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, disse que o projeto ‘ataca a dignidade das mulheres e meninas’. Já o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, chamou o projeto de “materialização jurídica do ódio que parte da sociedade sente em relação às mulheres”.

Em agenda na cidade de Araxá, em Minas Gerais, Alexandre Padilha, ministro da Relações Institucionais, afirmou que o governo não apoiará qualquer mudança na legislação atual sobre o assunto. O posicionamento também foi seguido pela da Igualdade Racial, Anielle Franco, que classificou o texto como ‘retrocesso e desprezo pela vida das mulheres’. O mesmo foi seguido pela ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

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Questionado sobre o assunto na quinta-feira (13), em Genebra, na Suiça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que ainda vai ‘tomar pé da situação’ na volta ao Brasil.

O que se sabe sobre o PL do Aborto?

O Projeto de Lei 1904/24 prevê que o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação, em qualquer situação, passará a ser considerado homicídio, inclusive no caso de gravidez resultante de estupro.

Entre os deputados, a proposta é encarada como um recado ao Supremo Tribunal Federal e uma forma de afronta ao Governo Lula. O texto foi apresentado um dia após o Alexandre de Moraes determinar a suspensão da resolução aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para proibir a realização da chamada assistolia fetal para interrupção de gravidez após 22 semanas de gestação.


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Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio