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Janja se posiciona sobre PL do aborto e diz que proposta ‘ataca a dignidade das mulheres’

Primeira-dama criticou a tramitação acelerada do projeto na Câmara e defendeu medidas para aborto legal e seguro pelo SUS

Primeira-dama, Janja da Silva

A primeira-dama do Brasil, Janja da Silva, se manifestou nesta sexta-feira (14) contrária ao Projeto de Lei 1904/24, que vem sendo chamado de PL do Aborto. A proposta, capitaneada pela bancada evangélica com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), teve o regime de urgência aprovado nesta semana em uma votação simbólica e relâmpago.

Em sua conta no X (antigo Twitter), Janja destacou um dos pontos que tem sido mais criticados no texto, que é a aplicação de pena de homicídio simples nos casos de aborto em fetos com mais de 22 semanas, mesmo em situações em que o aborto é legalmente permitido.

A proposta poderia condenar uma mulher estuprada que cometeu o aborto a uma pena de prisão maior que o próprio autor do aberto, cuja pena máxima prevista é de 10 anos de detenção, enquanto a de homicídio simples é de até 20 anos.


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“Os propositores do PL parecem desconhecer as batalhas que mulheres, meninas e suas famílias enfrentam para exercer seu direito ao aborto legal e seguro no Brasil. Isso ataca a dignidade das mulheres e meninas, garantida pela Constituição Cidadã. É um absurdo e retrocede em nossos direitos”, criticou Janja.

Além das críticas a respeito do teor da proposta, a primeira-dama também defendeu um debate que inclua melhorias no acesso ao aborto legal, que é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “A cada 8 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. O congresso poderia e deveria trabalhar para garantir as condições e a agilidade no acesso ao aborto legal e seguro pelo SUS”, disse Janja.

O aborto legal é previsto em lei em três situações: gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e anencefalia do feto. Nas demais situações, a interrupção da gravidez é considerada crime, de acordo com o Código Penal, de 1940.

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Segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira, ainda não há previsão de quando o texto de autoria do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) seja votado em plenário. Caso seja aprovado, o PL ainda precisa passar pelo crivo do Senado Federal, antes de seguir para sanção presidencial.

Ontem, o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pontuou que o texto “jamais iria para o plenário” sem que trâmite nas comissões, como ocorreu na Câmara.

O que se sabe sobre o PL do Aborto?
O Projeto de Lei 1904/24 prevê que o aborto realizado acima de 22 semanas de gestação, em qualquer situação, passará a ser considerado homicídio, inclusive no caso de gravidez resultante de estupro.

Entre os deputados, a proposta é encarada como um recado ao Supremo Tribunal Federal e um forma de afronta ao Governo Lula. O texto foi apresentado um dia após o Alexandre de Moraes determinar a suspensão da resolução aprovada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) para proibir a realização da chamada assistolia fetal para interrupção de gravidez após 22 semanas de gestação.

Supervisor da Rádio Itatiaia em Brasília, atua na cobertura política dos Três Poderes. Mineiro formado pela PUC Minas, já teve passagens como repórter e apresentador por Rádio BandNews FM, Jornal Metro e O Tempo. Vencedor dos prêmios CDL de Jornalismo em 2021 e Amagis 2022 na categoria rádio