No último dia de agenda oficial na Etiópia, o presidente Lula voltou a condenar as atitudes de Israel no conflito travado com o Hamas, na Faixa de Gaza. Dessa vez, o presidente brasileiro classificou o confronto como ‘genocídio’, e chegou a comparar os ataques de Israel com atitudes de Hitler contra o povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial.
“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente.
A crítica vem na esteira de uma série de declarações fortes do presidente brasileiro contra as autoridades israelenses desde que desembarcou no continente africano, na última quinta-feira (15). Em outra oportunidade, dessa vez no Egito, Lula condenou Israel por estar ‘matando ‘mulheres e crianças’.
Quando faz críticas a Israel, Lula também direciona sua artilharia à Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente ao Conselho de Segurança, onde o presidente defende o fim do poder de veto exercido por países que ocupam assento fixo na assembleia. Em conversa com a imprensa neste domingo (18), Lula voltou a defender uma reforma do Conselho e disse que o conflito em Gaza aconteceu porque faltam “instâncias de deliberação” e “de governança” global.
Oficialmente, a posição brasileira sobre o conflito na Faixa de Gaza inclui a defesa de um cessar-fogo imediato e a libertação, por parte do Hamas, dos reféns que foram sequestrados em outubro, em Israel. O governo brasileiro entende que a única solução possível na região é a criação de um estado palestino.
Contribuições com a Palestina
Durante a agenda no continente africano, Lula anunciou que o governo brasileiro fará novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA).
A agência tem o papel de fornecer alimentos, educação, saúde e moradia para os refugiados palestinos que deixaram a Faixa de Gaza e outras regiões igualmente afetadas pelo confronto entre o Hamas e o governo israelense. Desde que Israel acusou alguns funcionários da organização de terem participado dos ataques terroristas em outubro que deram início à ofensiva contra o Hamas, parte dos países do Ocidente, inclusive os Estados Unidos, decidiram suspender as contribuições com a UNRWA.
Lula defendeu que o Brasil e outros países continuem a contribuir para que sofrimento dos palestinos seja, ao menos, minimizado, “Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar a contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente?”, disse.
Apesar de questionado, Lula não informou quanto será o valor desembolsado pelo Brasil para continuar contribuindo com a organização.
No sábado, Lula se reuniu com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh. O encontro ocorreu antes de o petista discursar na cerimônia de abertura da 37º Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia. Havia a expectativa de que Lula também se reunisse com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, mas ele cancelou a viagem à África.
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