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Diretor demitido por Lula afirma que deu início à investigação sobre programa espião na Abin

O delegado Alessandro Moretti foi exonerado pelo presidente Lula nessa terça-feira (30) após nova operação da Polícia Federal mirando a agência

Lula exonerou Alessandro Moretti nessa terça-feira (30) da direção-adjunta da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)

Demitido da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nessa terça-feira (30), o delegado Alessandro Moretti afirmou nesta quarta-feira (31) que as investigações sobre o uso ilegal do programa espião FirstMile começaram durante a gestão dele como diretor-geral em exercício. Ele garantiu que todos os documentos produzidos pela investigação coordenada pela corregedoria-geral foram compartilhados com a Polícia Federal (PF).

“Após minha determinação, na época como diretor-geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso da ferramenta”, declarou. “Todo material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência”, completou.

Agora ex-diretor-adjunto da Abin, Moretti afirmou que grande parcela do conteúdo que compõe o inquérito da Polícia Federal sobre a atuação ilegal de servidores da agência é fruto da apuração da corregedoria-geral do serviço de inteligência. Ele também classificou a investigação interna como independente.

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Antes de demiti-lo, Lula afirmou que não havia clima para permanência de Moretti na Abin

A Polícia Federal investiga a existência de um núcleo de espionagem ilegal formado por servidores da Abin no interior da agência entre os anos de 2019 e 2021. O inquérito indica que um programa espião adquirido pelo serviço de inteligência foi usado ilegalmente para espionar adversários políticos de Jair Bolsonaro (PL); à época, a agência era dirigida por Alexandre Ramagem (PL-RJ), hoje deputado federal e aliado próximo do ex-presidente.

Na segunda-feira (29), a PF cumpriu mandados de busca e apreensão no âmbito da investigação, inclusive contra o vereador Carlos Bolsonaro (Podemos-RJ) em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde também estava o pai Jair Bolsonaro e os irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Moretti é apontado pela investigação como um dos aliados de Ramagem após a saída dele do cargo. Antes de demiti-lo, Lula afirmou que não havia clima para a permanência do delegado no posto ocupado na agência. “Na equipe tinha um cidadão que mantinha relação com Ramagem, e que inclusive permaneceu durante o trabalho dele na Abin. Se for verdade, não há clima para esse cidadão continuar. Mas, antes de fazer a condenação à priori, é importante que a gente investigue e garante o direito de defesa”, afirmou Lula horas antes de publicar a exoneração de Moretti.

O ex-diretor-adjunto da Abin é citado nominalmente em um dos relatórios da Polícia Federal sobre a relação entre a atual gestão da agência e investigados no esquema de espionagem ilegal. Ele também foi braço-direito do ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres.

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Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.