O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, avaliou que o crescimento da desaprovação da Corte, revelada em pesquisa de opinião do Datafolha publicada nesse sábado (9), não serve para aferir o valor do tribunal.
“Interpretar a Constituição significa, com frequência, desagradar grupos poderosos, sejam grupos econômicos, seja governo, sejam ambientalistas, seja agricultores, sejam indígenas”, disse em entrevista à CNN durante a Cúpula do Clima neste domingo (10). “O arranjo institucional brasileiro faz com que cheguem ao tribunal as questões mais divisivas da sociedade brasileira, e nós precisamos decidi-las”, acrescentou.
A reprovação ao Supremo Tribunal Federal subiu de 31% para 38% entre julho de 2022 e o início deste mês de dezembro. No período, a aprovação aos trabalhos da Corte caiu de 31% para 27%, segundo indica o Datafolha.
“A democracia é feita de um poder, o Judiciário, que não depende de aprovação popular para poder ser independente e fazer a coisa certa mesmo contra a vontade circunstancial das maiorias. Não me impressiono com isso [crescimento da rejeição], e 38% para a quantidade de causas controvertidas que chegam ao STF, até que é uma rejeição modesta”, declarou Barroso, citando como exemplo a decisão do STF que reconheceu o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O ministro, inclusive, acrescentou que um dos papéis do tribunal é proteger minorias. “E quando você protege minorias, você pode desagradar maiorias”, disse.