O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão de mais um homem envolvido nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, em Brasília. Trata-se do oitavo solto após a morte de Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos. Na última segunda-feira (20/11), ele teve um mal súbito enquanto tomava banho de sol no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
A nova decisão beneficia Geraldo Filipe da Silva. No pedido de revogação da prisão, a defesa disse que ele era morador de rua, que não era manifestante no dia da prisão e que, na verdade, era eleitor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Geraldo, que deve usar tornozeleira eletrônica, foi proibido de deixar o país e de usar redes sociais. Além disso, foi determinada a suspensão imediata de quaisquer documentos de porte de arma de fogo em nome do investigado.
Geraldo se junta aos beneficiados na última quarta-feira (22/11): Jaime Junkes, Jairo Costa, Tiago Ferreira e Wellington Firmino, além de outros três que respondem a processos em segredo de justiça. Moraes atendeu a uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que havia recomendado a libertação dos homens entre agosto e outubro.
Morte de preso
As decisões de Moraes foram tomadas na semana que Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, morreu enquanto cumpria prisão preventiva aos 46 anos. O ministro cobrou que a direção da Papuda envie informações detalhadas sobre o caso.
Em visita da Defensoria Pública do Distrito Federal ao Centro de Detenção Provisória II, no Complexo Penitenciário da Papuda, os presos pelos atos antidemocráticos relataram que o atendimento médico a Cleriston foi demorado, que não havia equipamento de reanimação no local e que a equipe médica que poderia efetivamente salvá-lo demorou cerca de 40 minutos para chegar ao local. A descrição está presente em um relatório da DP-DF. “Os presos, em uníssono, por sua vez, disseram às duas defensoras públicas presentes que o atendimento ao preso foi demorado. Que não havia desfibrilador no local, tampouco cilindro de oxigênio.”
Os presos contaram que a policial penal que tomava conta deles entrou em desespero por não saber como apoiá-lo e passou a enviar mensagens, solicitando ajuda. Informaram que os próprios colegas de ala tentaram reanimá-lo, pois um deles é médico e o outro é dentista. Nesse momento, segundo os presos, Cleriston teria conseguido voltar a respirar.