Dois brasileiros que foram repatriados da Faixa de Gaza fizeram um forte desabafo ao desembarcarem em Brasília, na noite desta segunda-feira (13), em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). No total, 32 brasileiros e familiares palestinos foram repatriados em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que partiu do Egito. A jovem Shadd Albanna, de 18 anos, morava em São Paulo, mas foi para a Faixa de Gaza, há um ano e meio, depois que a mãe foi diagnosticada com câncer. A mãe dela faleceu em Gaza. Shaad Albana lembrou dos primeiros bombardeios, no dia 7 de outubro. “Era pra ser um dia normal. Eu estava me preparando para ir para a faculdade, pela manhã, e de repente, começaram a cair as bombas. Bombardearam vários lugares, sem avisos. A gente chegou a pensar que não iríamos mais conseguir sair de lá (Faixa de Gaza), que iríamos morrer e ninguém ficaria sabendo”, contou emocionada.
Shaad Albana contou que já perdeu parentes e amigos por causa da guerra entre Israel e o Hamas. “Eu já perdi muitos familiares, muitos amigos nessa guerra. A minha casa foi destruída. A maioria das pessoas que veio com a gente no voo não tem mais casa também. Se um dia quisermos retornar para lá, não poderemos. Eu queria muito ajudar a poder retirar o restante dos meus familiares de lá”, afirmou Albana.
O governo brasileiro está preparando uma segunda lista para tentar repatriar mais brasileiros e familiares palestinos que ainda estão em meio ao conflito no Oriente Médio. O pedido foi endossado por Hasan Rabee, que também vivia na Faixa de Gaza, e foi repatriado em voo da FAB. Ele contou que chegou a mentir para as filhas, para que elas não soubessem que estavam em meio à guerra. “O que está acontecendo lá é um massacre. As bombas caem a todo lado. As minhas filhas ficaram chocadas e tristes. Nas primeiras semanas, nós mentíamos, dissemos para elas que as explosões eram fogos de festas e aniversários. Mas a gente não conseguiu segurar por muito tempo. Quando elas começaram a entender o que estava passando, elas fechavam a janela quando viam militares israelenses, pensando que estavam seguras por fecharem as janelas”, narrou Rabee.