Senadores e deputados aprovaram o relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou os atos antidemocráticos do 8 de Janeiro nos últimos cinco meses. O parecer escrito pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e apresentado nessa terça-feira (17) reuniu apoio majoritário da ala governista na votação desta quarta-feira (18). Antes do início da votação, a relatora refutou as críticas feitas pelos oposicionistas ao longo das seis horas de discussão na sessão de hoje.
“Não cedo à estratégia sórdida e covarde de alguns parlamentares que demonstraram o lado doentio do caráter de vocês em relação a essa relatoria. Tentam tumultuar para não ocorrer a aprovação desse relatório”, afirmou. “A aprovação desse relatório é a vitória real da democracia contra o fascismo, contra o fundamentalismo. É uma tentativa de usurpar direitos que levamos anos a fio através de suor e sangue para obter”, declarou.
O relatório aprovado nesta quarta-feira será encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), à Advocacia-Geral da União (AGU) e ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento propõe o indiciamento de Jair Bolsonaro (PL) como o grande responsável pelos crimes praticados nas invasões aos prédios públicos há nove meses. Ao ex-presidente são imputadas as seguintes condutas: associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. O parecer pede ainda que sejam indiciados 60 aliados do ex-presidente. Entre eles estão o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, a deputada Carla Zambelli, o general Braga Netto, o general Augusto Heleno e o tenente-coronel Mauro Cid.
Ameaças. A relatora Eliziane Gama (PSD-MA) informou, ainda durante a sessão, que irá solicitar ao presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), segurança pessoal para protegê-la e resguardar a família nas próximas semanas. A senadora afirmou que sofreu graves ameaças de morte desde essa terça-feira (17), quando o relatório foi apresentado à CPMI. “Essas ameaças vêm de pessoas que não têm nenhum senso de humanidade. Subestimar pode ser colocar em risco a minha vida e a vida da minha família”, disse.