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Dallagnol fala sobre filiação ao Novo, mudanças no STF e diz que pode se candidatar

Ex-deputado federal, cassado no primeiro semestre, concedeu entrevista exclusiva à Itatiaia

Deltan Dallagnol falou com exclusividade à Itatiaia

O ex-deputado federal, ex-coordenador da Lava Jato e recém-filiado ao partido Novo, Deltan Dallagnol falou, neste sábado (14), com exclusividade à Itatiaia. Ele participa, em Belo Horizonte, de um evento de estudantes liberais, e tem a função, agora, de formar novos candidatos da legenda visando as eleições de 2024 e 2026.

Dallagnol, que teve o mandato cassado em maio deste ano, após uma decisão do TSE de anular seu registro de candidatura, diz que não está inelegível e que pode participar das próximas eleições.

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“A decisão do Tribunal [TSE] negou meu registro de candidatura, mas não me tornou inelegível. O próprio Tribunal do Paraná foi consultado recentemente pela imprensa e disse que não estou inelegível e que posso sim candidatar eventuais eleições futuras. Uma candidatura é possível e é certo que as mesmas pessoas que me cassaram vão tentar me cassar uma segunda vez”, avalia.

Questionado se ele tem pretensões de se candidatar à Prefeitura de Curitiba nas eleições do ano que vem ou a um cargo federal em 2026, ele desconversa.

“Eu não tenho um projeto pessoal, tenho um projeto de mudança. Quando eu decidi ir para o Congresso Nacional vou buscando um cargo que iria ocupar transitoriamente como instrumento adicional de transformação, um talento a mais que eu teria para buscar transformar o Brasil. Agora vou focado para colocar um monte de gente boa lá. Se, para esse objetivo ser concluído for conveniente, estratégico que eu me candidate para um determinado cargo, vou colocar meu nome à disposição do Novo para esse objetivo. Mas acho que o objetivo é maior do que isso”, afirma.

Durante a entrevista, Deltan Dallagnol voltou a criticar decisões recentes do Supremo Tribunal Federal (STF), como a do ministro Dias Toffoli que anulou provas relacionadas à delação de executivos da Odebrecht o que, na prática, inviabiliza condenações oriundas das investigações da Lava Jato. No entanto, ele diz que não faz sentido uma autocrítica à operação, criticada por juristas e parte da classe política.

“Você hoje vai discutir autocrítica, se algo poderia ser melhorado? Ainda que tenha sido feito dentro da lei? Não faz sentido nenhum, enquanto tudo está sendo desfeito, anulado e a gente vê os donos do poder continuar nos roubando e praticando arbítrios ao longo de décadas”, reclama.

Por fim, Deltan Dallagnol defendeu que o Congresso Nacional aprove mudanças para frear o Supremo Tribunal Federal, como regras mais rígidas para as decisões monocráticas, aquelas que são adotadas por um único ministro ou a adoção de mandatos. No entanto, para Deltan, aprovar uma PEC que permite que o Congresso reverta decisões do Supremo é um retrocesso.

“A PEC permitiria que o Congresso Nacional revisasse as decisões do Judiciário. Seria um desastre. Se a gente tivesse essa proposta valendo, a gente nao teria o Mensalão, a Lava Jato”, especula.

“No nosso sistema, o chefe do Executivo tende a cooptar o Legislativo. É o que a gente viu no mensalão, com pagamento de mesada a deputados. Se ele é capaz de cooptar, de trazer um apoio imenso em parte do Legislativo e se o Legislativo puder suspender decisões do Judiciário, o que se tem, na prática, é o presidente como Lula, por exemplo, conseguindo barrar investigações do Supremo. A gente precisa, sim, de um aperfeiçoamento constitucional, mas que siga a linha dos melhores países do mundo e não algo que tragam riscos maiores”, completa.

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.