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Ministério deposita parcela atrasada da CFEM e faz promessa para normalizar pagamentos

Parcela de R$ 431 milhões que estava em aberto desde julho foi paga nesta quinta (5); novo repasse deve ser feito na próxima semana

Ministro Alexandre Silveira (centro) visitou sede do Ministério Público nesta quinta

A Agência Nacional de Mineração (ANM), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, pagou nesta quinta-feira (5) a parcela da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) referente ao mês de julho aos estados e municípios produtores. O montante repassado foi de R$ 431 milhões, sendo que R$ 345 milhões foram destinados aos municípios e pouco mais de R$ 86 milhões aos estados.

A Itatiaia antecipou na última segunda-feira que ao menos uma das parcelas atrasadas seria paga até o fim desta semana.

Nas últimas semanas, prefeitos de municípios mineradores confidenciaram à reportagem que poderiam ser obrigados a cortar investimentos e custeio de setores essenciais, como saúde e educação, caso os repasses não forem regularizados até o fim do ano. Várias cidades mineiras têm, nos royalties da mineração, cerca de 80% do caixa.

O ministro Alexandre Silveira disse, no início do mês, e confirmou à Itatiaia, na última sexta-feira (29), que o pagamento da parcela de julho seria feito até o dia 30 de setembro, o que não ocorreu. Para justificar o atraso, o ministério disse que a ordem de pagamento dos valores relativos ao mês de julho foi assinada na última sexta-feira (29), mas, devido aos trâmites bancários, os recursos ficaram disponíveis apenas nesta quinta-feira (5), quase uma semana após o prazo prometido inicialmente por Silveira.

Também já foi autorizada pela ANM o pagamento da compensação referente ao mês de agosto. Os mais de R$ 456 milhões serão pagos na próxima semana. Se isso ocorrer, os repasses que estavam atrasados serão todos quitados. O ministério antecipou ainda que vai pagar a CFEM de setembro até fim de outubro, , conforme prevê a regulamentação.

“Sabemos a importância dos recursos da CFEM para o desenvolvimento regional dos estados e municípios, levando resultados concretos para as comunidades onde a atividade acontece. Estamos trabalhando para que toda esta situação seja normalizada ainda neste mês de outubro. Além disso, estamos empenhados no fortalecimento e reestruturação da ANM, imprescindível para o desenvolvimento sustentável e seguro da atividade, gerando mais empregos e renda para a nossa população”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.

Greve de agência afetou pagamentos

Os prefeitos de municípios mineradores disseram à Itatiaia que os repasses estavam atrasados em decorrência da greve geral de mais de 50 dias dos servidores da Agência Nacional de Mineração. Nesta semana, os servidores encerraram a greve à espera de nova proposta do governo Lula para resolver o cenário de “sucateamento” da entidade - responsável por fiscalizar mais de 900 barragens em todo o país. Segundo os servidores, a Agência está com o menor número de funcionários dos últimos 50 anos.

Além de fiscalizar as barragens, a ANM também tem a função de regular, fiscalizar, arrecadar, constituir e cobrar os créditos decorrentes da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). Por isso, a greve da instituição estava afetando diretamente o repasse da indenização dos municípios mineradores.

O Diretor de Relações Institucionais da Associação de Servidores da ANM, Ricardo Peçanha, afirmou que a paralisação foi encerrada para aguardar uma nova proposta do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).

Os servidores da ANM querem ter salários, a mesma estrutura e os mesmos benefícios de servidores de agências como ANP, Agência Nacional do Petróleo, e ANTT, Agência Nacional de Transportes Terrestres. Os profissionais se sentem desprestigiados em relação aos colegas de outras agências. Eles também reclamam de sucateamento.

A Associação afirma que, atualmente, se todos os servidores estiverem trabalhando normalmente, a ANM estará funcionando com apenas 30% da capacidade total. Atualmente, a Agência conta com 664 servidores - destes, apenas 180 são fiscais. O órgão tem 70% de cargos vagos, o que corresponde a 1.457 postos de trabalho.

Por isso, além de exigir uma reestruturação da Agência, os servidores cobram do Ministério de Minas e Energia a realização de concurso público para preencher as vagas existentes. Apesar da suspensão da greve, os servidores permanecem em “estado de greve”.

Repórter de política na Rádio Itatiaia. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. No Grupo Bandeirantes, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na BandNews FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do BandNews TV. Vencedor de 8 prêmios de jornalismo. Já foi eleito pelo Portal dos Jornalistas um dos 50 profissionais mais premiados do Brasil.