Os deputados estaduais de Minas Gerais se prepararam para votar, nesta terça-feira (3), a concessão do
Perto das 17h10, o painel do plenário registrava a presença de 37 dos 77 parlamentares. Para que a homenagem a Alckmin fosse posta em votação, era preciso que ao menos 39 deputados tivessem respondido à chamada.
Embora a entrega da honraria não tenha sido votada, o assunto gerou embates entre deputados. Políticos de partidos como PT e PSB defenderam Alckmin, mas integrantes do PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, criticaram a possibilidade de o vice-presidente se tornar cidadão mineiro.
Bruno Engler (PL), correligionário de Bolsonaro, relembrou a oposição que Alckmin, quando filiado ao PSDB, fez ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Um homem que vende seus valores, trai suas posições e nega aquilo tudo que sempre defendeu, não é digno de homenagem”, disse.
Engler foi confrontado pelo petista Leleco Pimentel.
“Aqueles que não quiserem fazer uma homenagem ao vice-presidente da República terão, como eu tive (na entrega da cidadania honorária a Bolsonaro), a opção de não vir ao plenário. Esta é uma casa democrática e profundamente ligada ao respeito à política. Por essa razão, todos sabemos que, na vida, as pessoas têm a opção de amadurecer. Existem outros, que têm dificuldades de conviver com o amadurecimento”, rebateu.
Além de Engler, os liberais Cristiano Caporezzo e Coronel Sandro também foram à tribuna protestar contra a possível homenagem a Engler. O trio foi alvo de Leleco, que os chamou de “Os Três Patetas”, em menção à famosa série de comédia dos Estados Unidos da América (EUA).
O uso da expressão deixou descontentes integrantes da bancada do PL. “Aqueles que vêm discordar, discutir ou se opor ao título de cidadão honorário estão fazendo dentro do espírito democrático, com responsabilidade. Quem não está fazendo com responsabilidade é quem se refere a três deputados na tribuna chamando-os de patetas”, reclamou Sargento Rodrigues.
Presidente do PSB mineiro e deputado estadual, Noraldino Júnior defendeu o colega de partido. Segundo ele, Alckmin é “merecedor” da homenagem.
“Tive a honra de estar com Geraldo Alckmin em algumas eleições. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente, de dialogar e de escutá-lo”, falou.
Entenda
A entrega da cidadania honorária ao vice-presidente foi pedida por deputados de PSB, PT, PCdoB, PV, Rede, Psol, Cidadania, Republicanos, PSD, PMN, e PSC. O pleito do grupo de parlamentares deu origem a um Projeto de Resolução (PRE), apresentado pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para oficializar a proposta de homenagem.
Alckmin costuma recorrer a raízes familiares para justificar os laços com Minas Gerais. Isso porque seus avós nasceram em Baependi, no Sul do Estado. Durante a campanha eleitoral do ano passado, o socialista recorria a esse fato para abrir os discursos feitos nos comícios em solo mineiro.
No mês passado, Bolsonaro recebeu a cidadania honorária. A solenidade, ocorrida na sede da Assembleia, em Belo Horizonte, esteve atrelada a um decreto assinado por Zema em 2019, concedendo a honraria a Bolsonaro.
Crianças se manifestam
Enquanto deputados se revezavam nos microfones do plenário para debater a possível homenagem a Alckmin, crianças de uma escola de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), assistiam à sessão das galerias da Assembleia.
Em determinado momento da fala de Leleco Pimentel, o petista precisou fazer silêncio. Isso porque os estudantes gritavam, repetidamente, o nome de Bolsonaro.