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Oficiais do Exército avaliam que colaboração de Cid pode ajudar recuperar imagem da Força

Em depoimento à PF, ex-ajudante de ordens disse que proposta de golpe não teve apoio de cúpula militar

Mauro Cid teria revelado, em delação, que Bolsonaro discutiu plano de golpe com comandantes das Forças Armadas

A avaliação da cúpula do Exército é que a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), pode ajudar na reconstrução da imagem da Força, que sofre forte desgaste desde o governo do ex-presidente.

A percepção entre oficiais ouvidos pela CNN é que o depoimento de Cid à Polícia Federal:

  • individualiza a participação na suposta trama de um golpe de Estado

  • e reforça que o comando do Exército, na ocasião chefiado pelo general Marco Antônio Freire Gomes, impediu uma tentativa de ataque antidemocrático.

Em colaboração premiada, o tenente-coronel disse à PF que o ex-presidente se reuniu com a cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir detalhes de um plano de golpe para não deixar o poder.

O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se manifestado favoravelmente ao intento golpista, enquanto o então comandante do Exército teria se colocado contrário ao plano.

O encontro teria ocorrido quando Bolsonaro ainda estava na Presidência, após a eleição do ano passado.

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Sem respaldo

Oficiais ouvidos pela CNN dizem acreditar que o depoimento de Cid corrobora a versão do Exército de que, embora houvesse uma tentativa do ex-presidente de demonstrar ter os militares como aliados, o Alto Comando da Força jamais o apoiou em intenções antidemocráticas.

Segundo integrantes do Exército afirmavam ainda durante o antigo governo, Bolsonaro era respeitado como presidente, mas nenhuma “aventura antidemocrática” jamais teve respaldo da cúpula militar.

Dissipar a suspeição

Na percepção de um oficial, o depoimento de Cid pode identificar militares que eventualmente participaram de uma trama de golpe de Estado e com isso ajudar a dissipar a suspeição que paira sobre a instituição desde o governo Bolsonaro.

E não apenas isso: pode ajudar a reconstruir a imagem do Exército “como um garantidor da democracia”.

Pressão

Como mostrou a âncora Raquel Landim, fontes da cúpula das Forças Armadas relataram à CNN a pressão sofrida general Freire Gomes para que ele aderisse à tentativa de golpe de Estado. Freire Gomes disse não.

Ainda segundo as fontes, as tentativas ocorreram mais de uma vez em reuniões no Palácio do Planalto com Bolsonaro e outros integrantes do seu círculo ideológico mais próximo após a derrota eleitoral.

Freire Gomes, que era quem efetivamente tinha o comando da tropa, teria sido o bastião de resistência ao ânimo golpista do Planalto dentro das Forças Armadas.

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