O vereador de Belo Horizonte Miltinho CGE (PDT) apresentou nesta terça-feira (19) um pedido de cassação contra o atual presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido) - que já responde a um pedido semelhante.
Na denúncia, Miltinho relembra uma entrevista concedida por Azevedo a uma emissora de TV em 15 de maio, em que anunciou ter recebido um pedido de cassação de mandato do próprio Miltinho por “supostas práticas de rachadinha e nepotismo”.
O pedetista alega que, em vez de ter analisado a denúncia e adotado as medidas apropriadas, o presidente da Câmara “optou por utilizar sua posição de autoridade para engrandecer sua imagem, comprometendo a reputação de um colega Vereador”, alega na denúncia. Segundo Miltinho, Gabriel quis desviar o foco de uma reportagem em que era debatido o projeto de aumento no número de vereadores em Belo Horizonte.
No documento, o vereador do PDT diz que foi “humilhado publicamente” e que sofreu “hostilidade das pessoas nas ruas diante do prejulgamento induzido pela entrevista.
“Fui chamado de bandido e foi sugerido que em breve eu seria menos um na Casa. Ao fazer isso, o Presidente me imputou culpa por algo que não cometi”, afirma.
Miltinho diz que a conduta de Gabriel Azevedo fere o decoro parlamentar e o acusa de crimes de calúnia, injúria e contra a Lei de Abuso de Autoridade.
A reportagem entrou em contato com o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, que disse, em nota, que apesar de o pedido de cassação ser “legal e regimental”, estranha o fato de que três pedidos semelhantes terem sido apresentados em sequência contra ele.
“Sobre o que motivou a acusação, Gabriel não faltou com a verdade, quando disse, em entrevista, que Miltinho CGE era investigado por usar o gabinete parlamentar com fins privados e que precisou fazer acordo com o Ministério Público para não ser processado”, afirmou no comunicado.
O que diz Miltinho CGE?
Em entrevista à Itatiaia, o vereador Miltinho CGE disse ter anexado o vídeo da entrevista de Gabriel Azevedo ao processo.
“Ele falou, ao vivo, que nessa Casa estava tendo ‘rachadinha’, sendo que isso nem era objeto da investigação. O mínimo que ele deveria ter feito é ler a denúncia antes de falar. Aí me chamou de bandido, que eu gasto dinheiro público... diante dessas acusações eu, não só entro com pedido de cassação por quebra de decoro, mas isso é um crime que ele cometeu”, afirmou.
Miltinho critica abuso de autoridade por parte de Gabriel e diz ter sofrido perseguições dentro da Câmara Municipal.
“Já fui retirado de comissões sem aviso prévio, já tive vaga de estacionamento retirada sem informe, árvore plantada na porta do meu carro para dificultar minha saída”, afirmou.
Primeira denúncia
No dia 5 de setembro, 26 vereadores de Belo Horizonte votaram a favor da abertura de um processo de cassação do mandato do presidente da Câmara, Gabriel Azevedo.
A denúncia foi protocolada pela ex-presidente da Câmara, a hoje deputada federal Nely Aquino (Podemos), sua ex-aliada. O
O ofício lista cinco motivos para defender a cassação de Gabriel Azevedo, entre eles abuso de autoridade, agressões verbais a outros vereadores, atuação irregular na CPI da Lagoa da Pampulha e uma polêmica envolvendo o corregedor do Legislativo municipal, Marcos Crispim.