O par de palmas barrocas entregue pelo governador mineiro Romeu Zema (Novo) ao Papa Francisco nesta quarta-feira (13), no Vaticano, é obra do artista George Helt, de 74 anos. A obra, considerada Patrimônio Histórico de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, remonta aos tempos do Brasil Colônia.
As palmas barrocas podem ser feitas a partir de materiais como tecidos e papéis. Em terras sabarenses, contudo, folhas metálicas costumam ser utilizadas para a confecção das peças.
George Helt, o escolhido pelo governo de Minas para conceber as palmas dadas ao Papa, costuma recorrer a um vaso de pedra sabão para sustentar o adorno. Na parte superior, estão folhas e flores metálicas, folheadas a ouro.
“Sabará foi a cidade que manteve essa cultura, principalmente as mulheres que se dedicaram de geração em geração a confeccionar as peças, muitas vezes produzidas com pano ou papel laminado, o que não garantia uma boa durabilidade. Por isso, desenvolvi um modo de fazer no metal, com banho de ouro”, diz o artesão.
Além das palmas barrocas, Zema entregou, ao líder católico, um café especial, produzido em Campos Altos,
Tradição católica
A origem colonial das palmas barrocas se explica por causa de Dom João VI, responsável por trazer o adereço ao Brasil. Com o tempo, o item passou a ser usado para decorar altares e oratórios de celebrações católicas.
“Esse trabalho tinha a função de provocar admiração e espanto às pessoas nos espaços sagrados. Por isso, se tornaram tão importantes na cultura barroca”, aponta George Helt.
A tradição religiosa, aliás, se une às raízes familiares de Helt, que utiliza ferros herdados da mãe no processo de confecção da palma, cortada na folha de cobre para produzir o efeito de pétalas de rosas. Segundo ele, as ferramentas que costuma lançar mão para confeccionar o objetivo são do século XVII.
“É um processo similar ao do período colonial. Por isso, é uma emoção tão grande ver as palmas barrocas que criei, e hoje são feitas por mulheres muito talentosas de Sabará, chegando ao Vaticano, nas mãos do Papa. É uma honra”, emociona-se.