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PF pede quebra de sigilos bancário e fiscal de Michelle Bolsonaro

Na sexta-feira (11), operação da PF mirou assessores de Jair Bolsonaro que teriam usado estrutura do Estado para desviar bens de valor

PF quer saber movimentação das contas de Michelle

A Polícia Federal pediu a quebra dos sigilos fiscal e bancário da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para investigar se o ex-presidente Jair Bolsonaro utilizou contas da esposa para fazer transações de valores de presentes do Estado vendidos ilegalmente. As informações foram divulgadas pela CNN na noite deste sábado (12).

Michelle Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre o pedido, que deve ser apreciado no Supremo pelo ministro Alexandre de Moraes.

Na sexta-feira (11), a PF já havia informado que fez os mesmos pedidos em relação a Jair Bolsonaro.

É possível que a quebra dos sigilos ocorra mesmo sem decisão judicial: é que parlamentares vão tentar acesso aos relatórios por meio da CPMI de 8 de janeiro.

A avaliação de fontes ligadas à investigação é que há fatos ainda não revelados que envolvem mais diretamente Bolsonaro no caso das joias.

O tema voltou à tona na sexta (11), quando operação da PF mirou assessores de Bolsonaro, incluindo o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o pai dele, ambos militares. O advogado de Jair, Frederick Wassef, também foi alvo, por ter recomprado um Rolex vendido ilegamente por Cid por R$ 300 mil após questionamentos do Tribunal de Contas da União.

Segundo a PF, os suspeitos são investigados por utilizar a estrutura do Estado para desviar bens de alto valor patrimonial que entregues de presente por delegações estrangeiras em missões oficiais, por meio da venda desses itens em países do exterior.

A PF avalia que os valores obtidos com a venda de bens do Estado foram convertidos em dinheiro e depositados nas contas pessoais dos envolvidos.

Cid teria vendido itens no exterior a partir de 13 de junho de 2022. O tenente-coronel teria, inclusive, transportado objetos no mesmo avião presidencial em que Jair Bolsonaro viajou para Orlando (FL) no fim de dezembro passado.

PF suspeita que Bolsonaro determinou esquema para vender presentes oficiais

O relatório da PF que embasou a operação apontou que Jair Bolsonaro “determinou” que as joias do acervo da Presidência da República recebidas de autoridades árabes fossem direcionadas para o seu acervo privado.

Além disso, a investigação indica que o material deveria ser vendido e o dinheiro repassado “em espécie” para o ex-presidente.

No fim da noite de sexta-feira, a PF pediu ao STF a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ex-presidente, informaram à CNN autoridades ligadas à investigação.

A avaliação é de que já há situações — ainda não reveladas — que envolvem mais fortemente o ex-presidente no caso.

Fontes informaram à CNN também não haver pressa em ouvir os investigados e que já haveria muita prova contra eles.

Em nota, os advogados de Bolsonaro afirmaram que o ex-presidente “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.

Enzo Menezes é chefe de reportagem do portal da Itatiaia desde 2022. Mestrando em Comunicação Social na UFMG, fez pós-graduação na Escola do Legislativo da ALMG e jornalismo na Fumec. Foi produtor e coordenador de produção da Record e repórter do R7 e de O Tempo