O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo (sem partido), disse, nesta sexta-feira (4), que não se arrepende de
A fala de Gabriel sobre não retirar a acusação feita aos vereadores do PDT veio após o líder do prefeito Fuad Noman (PSD) na Câmara, Bruno Miranda — que é pedetista —, utilizar o microfone durante a sessão plenária desta sexta para pedir respeito ao partido. Ele manifestou “repúdio” e “tristeza” com expressões usadas pelo presidente do Legislativo. Além do termo “lambe-botas”, Azevedo chamou de “resto de ontem” o parlamentar Wagner Ferreira, também filiado ao PDT, e que exerce a vice-liderança do governo na CMBH.
“Nossa bancada foi atacada. Eu fui atacado e chamado de ‘lambe-botas’. Sou ‘lambe-botas’ do meu povo e da minha comunidade. É para eles que tenho de dar satisfação”, afirmou Miranda.
O líder de Fuad ainda defendeu o correligionário Wagner Ferreira. “Wagner, que é negro e periférico, foi chamado de ‘resto de ontem’. Não podemos partir para esse nível. É inadmissível. (Foi) um ataque violento e preconceituoso a um vereador que sempre lhe tratou com respeito, dever de todos nós”, protestou.
Instantes depois, após o discurso de Bruno Miranda, foi a vez de Gabriel Azevedo se pronunciar. Ele chamou os vereadores do PDT de “pelegos” e ironizou a possibilidade de a agremiação apresentar, à Câmara, pedido de abertura de processo disciplinar
“Se quer vir aqui protocolar pedido de quebra de decoro, venha já. Não fique de ameaças ou ladrando. Protocole agora. E coloque dois: um para pelego, outro para lambe-botas, porque não retiro”, falou.
Gabriel afirmou, ainda, ter se inspirado em Ciro Gomes, candidato do PDT ao Palácio do Planalto em 2018 e 2022. No telão do plenário, ele mostrou um vídeo do ano passado, em que Ciro chama de “lambe-botas” o hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
“Não ofendi o PDT. Falei que vocês são lambe-botas — e que são do PDT. E eu admiro o PDT”, garantiu.
Ao tratar das críticas a Wagner Ferreira, o presidente da Câmara afirmou ter utilizado a expressão “resto de ontem” porque o pedetista teria sido escolhido para ocupar a vice-liderança de Fuad após parlamentares de outros partidos terem recusado o convite.
Nessa quinta-feira, Wagner já havia rebatido o ataque que sofreu. “Você está desrespeitando nossa agremiação. Vossa excelência nem partido tem. Então respeite nossa agremiação. Respeite as pessoas que estão aqui”, cobrou.
‘Troca-troca’ de notas de repúdio
Ao instalar a sessão plenária desta sexta-feira, Gabriel Azevedo leu uma nota da Procuradoria-Geral da Câmara de BH com críticas à Procuradoria-Geral do Município de BH (PGM-BH), que, mais cedo, havia emitido comunicado
“É inadmissível a interferência do Poder Executivo no Poder Legislativo. A separação de poderes é um princípio fundamental em muitos sistemas democráticos. Essa separação visa evitar o acúmulo excessivo de poder em um único órgão governamental e garantir um sistema de freios e contrapesos para proteger os direitos dos cidadãos”, lê-se em trecho do texto do Parlamento.
De acordo com a Procuradoria-Geral da Câmara, “não houve o cometimento de nenhum ato ilícito” por parte de Gabriel.
A PGM-BH, por sua vez, disse que Gabriel “atacou a honra e desrespeitou as prerrogativas” de Costa, violando o Estatuto do Advogado.
“O vereador, que sequer presidia a reunião, determinou o desligamento do microfone do advogado e chegou a chamar a segurança para retirá-lo do recinto. Além disso, o Vereador Gabriel Sousa Marques de Azevedo, ao invés de buscar refutar os argumentos do advogado, preferiu realizar ataque à própria advocacia, qualificando o profissional de ‘rábula’ e ‘atrevidinho’, esquecido de que a altivez diante do arbítrio e do abuso de autoridade é qualidade essencial da advocacia, integrante da melhor tradição mineira de Sobral Pinto e tantos outros que iluminam nossa atividade com os exemplos grandiosos do passado”, aponta o órgão.
Ainda segundo a nota da PGM-BH, a conduta de Gabriel nessa quinta-feira apontam para quebra de decoro parlamentar por parte dele. A conclusão foi ironizada pelo presidente.
“Informo ao senhor prefeito: não precisa de intermediários, prefeito. Se o senhor quer me retirar dessa cadeira, vem cá e tente”, bradou.
Novo capítulo na crise entre os Poderes
O embate Gabriel-PDT acontece em meio aos crescentes desgastes entre a Prefeitura de BH e o poder Legislativo. Vereadores obstruem, desde o meio de julho,
Entre os vereadores adeptos da obstrução, o entendimento é que a equipe de Fuad Noman adotou predileção por parlamentares da base governista. Isso, segundo eles, impediria a prefeitura de atender demandas de mandatários oposicionistas ou independentes.
A tese é refutada pela prefeitura. Nesta semana, Fuad Noman
“Não conheço um vereador que não conversa comigo. Que não foi lá e não foi atendido. Nenhum. Pode ser que a agenda de um e outro não combinem, mas converso com todos. Qualquer vereador que me procurar e pedir uma agenda, tem a agenda aberta”, assegurou.