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Dilma se reúne com Putin na Rússia e defende transações sem o dólar no banco dos Brics

Dilma Rousseff (PT) esteve em reunião com Vladimir Putin em São Petersburgo, na Rússia, nesta quarta-feira (26)

Presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff (PT), se encontrou com o russo Vladimir Putin nesta quarta-feira

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) se reuniu com o líder russo Vladimir Putin em São Petersburgo às vésperas da Cúpula Rússia-África, que começará nesta quinta-feira (27), e criticou a hegemonia do dólar nas transações econômicas entre países que não adotam essa moeda. Atual chefe do banco dos países Brics, Rousseff apoiou a captação de moedas que não sejam as hegemônicas — como dólar e euro — para negociações entre os que integram o bloco.

“Não há nenhuma justificativa para que países em desenvolvimento não possam estabelecer entre si trocar na moeda local. É muito importante para o banco ter condições de captar várias moedas diferentes, não só o dólar, não só o euro, mas também as outras que estão disponíveis”, afirmou a Putin durante encontro nesta manhã de quarta-feira (26) no horário de Brasília. O presidente da Rússia acenou em concordância à petista e alegou que o dólar é usado como ‘instrumento político’.

Guerra na Ucrânia. A Rússia lida desde fevereiro do ano passado com as sanções econômicas internacionais impostas pelos países estrangeiros após a invasão do território da Ucrânia. A situação financeira do país, entretanto, não pautou o encontro bilateral e Dilma Rousseff (PT) indicou às vésperas da reunião com Putin que o banco dos Brics não irá à contramão das restrições decretadas pelos países estrangeiros.

“O NDB reiterou que não está considerando novos projetos na Rússia e opera em conformidade com as restrições aplicáveis nos mercados financeiros e de capitais internacionais. Quaisquer especulações sobre tal assunto são infundadas”, declarou o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) sobre a visita de Dilma Rousseff à Rússia.

Após o encontro com Putin, Dilma participará de reunião bilateral com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Na agenda no exterior também estão previstas conversas com líderes de outros países do continente africano. A expectativa é que a ex-presidente do Brasil dialogue sobre a participação do NDB na Cúpula dos Brics, que acontecerá entre 22 e 24 de agosto.

Divergências

A ida de Dilma à Rússia é uma sinalização de diálogo entre países que pertencem ao bloco (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) diante do isolamento econômico de Putin após o início da guerra em fevereiro do ano passado. Sob outro viés, a viagem da petista a afasta da postura de neutralidade adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo próprio governo brasileiro diante do conflito.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.