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Zema: ‘muito melhor os juros a 13,75% do que inflação a 130%, igual à Argentina’

Em Uberlândia, governador de Minas disse acreditar na redução do percentual e defendeu a independência do Banco Central

Zema discursou na abertura da TecnoAgro, em Uberlândia

O governador mineiro Romeu Zema (Novo) afirmou, nesta segunda-feira (17), que a taxa básica de juros, a Selic, a 13,75% é “muito melhor” do que uma inflação “de 130%”, como é a projeção para o fim do ano na Argentina. A declaração, dada por ele em Uberlândia, no Triângulo, vai de encontro ao desejo do governo federal, que defende a redução do percentual.

“Banco Central independente (é) uma conquista importantíssima. Muito melhor os juros a 13,75% — ou é 13,25% — do que inflação de 130% igual ao vizinho aqui. E vão começar a cair os juros agora. A tendência é essa”, disse, ao discursar na abertura da TecnoAgro, evento que debate a inovação no setor agrícola.

A fala de Zema em prol da independência do Banco Central foi feita enquanto ele acusava o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de promover “retrocessos” em algumas áreas.

“Banco Central independente é Banco Central imune à politicagem, que já causou muitos danos no Brasil. Quem é mais velho, como eu, lembra das inflações de 80% ao mês”, falou.

Na semana passada, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), criticou o patamar da taxa de juros e afirmou que há conflito entre o percentual e a intenção do Palácio do Planalto com o ‘Desenrola’, programa de combate à inadimplência.

“Não adianta fazermos o ‘Desenrola’, aliviar a vida das pessoas – e precisamos, (pois) a maioria absoluta das famílias brasileiras está endividada –, apresentar um programa eficiente sob todos os aspectos, com juros de 13,75%, porque aí o Brasil não comporta um ‘Desenrola’ todo ano”, protestou.

Durante o discurso, Zema afirmou que a “questão Brasil” o “preocupa muito”. “Estamos tendo um governo que está privilegiando retrocesso em vez do avanço. Tivemos conquistas importantíssimas nos últimos 10 anos, depois de ‘Petrolão’, Lava-Jato, Mensalão e etcétera. Essas conquistas, hoje, estão ameaçadas”.

Histórico

A Selic está em 13,75% desde agosto do ano passado. Em junho, durante sua quarta reunião neste ano, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu manter o índice.

O próximo encontro do Copom acontece entre os dias 1 e 2 de agosto. Ao fim do segundo dia de debates, a comissão vai divulgar se mantém ou modifica a taxa básica de juros. Se houver empate entre os integrantes do grupo, a decisão cabe a Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.

Graduado em Jornalismo, é repórter de Política na Itatiaia. Antes, foi repórter especial do Estado de Minas e participante do podcast de Política do Portal Uai. Tem passagem, também, pelo Superesportes.