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STF forma maioria para suspender dívida de Minas Gerais até dezembro

Ministros também confirmaram liminar de Nunes Marques que autorizou o estado a aderir ao Regime de Recuperação Fiscal

Ministros acompanharam o voto do relator Nunes Marques

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta sexta-feira (30) para prorrogar a suspensão do pagamento da dívida de R$ 152 bilhões de Minas Gerais com a União até o dia 20 de dezembro. Na mesma decisão, o pleno confirmou a decisão liminar do ministro Nunes Marques que autorizou o governo de Romeu Zema (Novo) a ingressar no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) mesmo sem autorização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) — o entendimento é que os deputados estaduais foram omissos ao não votar o projeto de lei.

Dessa forma, Zema terá mais seis meses para negociar os detalhes da adesão ao RRF com o governo Lula. Ambos os lados precisam entrar em um acordo sobre quais medidas Minas Gerais adotará para equilibrar as contas públicas.

Votaram com o relator Nunes Marques os ministros Edson Fachin, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Luiz Fux. Ainda faltam os votos de Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso e André Mendonça. Nas últimas semanas, Zema se reuniu individualmente com seis dos atuais 10 ministros do tribunal, inclusive durante a semana do julgamento, para apresentar os pedidos e a situação de Minas Gerais.

Dos R$ 152 bilhões, Minas deve diretamente R$ 90 bi para o Tesouro Nacional. Os demais R$ 62 bi são referentes a empréstimos com bancos que têm a União como fiadora. Neste caso, a União paga as parcelas que o estado não quitou e Minas passa a ter que reembolsar o governo federal.

O RRF é o programa de renegociação de dívidas com a União. Para conseguir prestações mais suaves de pagamento ao longo de nove anos, os estados se comprometem a adotar uma série de medidas de contenção de despesas, entre elas limitação de concursos públicos, de aumento salarial para servidores, além da venda de participação em estatais e o estabelecimento de teto de gastos estadual.

No STF, o governo Lula defendeu que a liminar de Nunes Marques fosse derrubada e que Minas voltasse a pagar a dívida já no mês de julho. A Advocacia-Geral da União argumentou que é ilegal o estado aderir ao Regime de Recuperação Fiscal por meio de uma decisão judicial. No entendimento do órgão, isso só pode ocorrer se houver aprovação de uma lei na ALMG, o que Zema tenta desde 2019.

Governador: atraso de salários ainda é possibilidade

Uma consequência prática da decisão do STF é que o Governo de Minas não terá que pagar R$ 5,5 bilhões ao governo federal até o fim do ano. Na semana passada, Zema disse que se a liminar fosse derrubada o governo poderia voltar a atrasar salários como ocorreu entre 2016 e 2021.

Apesar da decisão favorável do STF, a possibilidade do atraso de salários ainda persiste. Minas Gerais perdeu o prazo para aderir ao Programa de Acompanhamento e Transparência Fiscal (PAF) após a base de governo e a oposição na ALMG não entrarem em um acordo sobre o texto na quinta-feira (29). De acordo com o governador, a consequência é o pagamento de R$ 15 bilhões à vista ao governo federal.

“Essa renovação do PAF já foi votada diversas vezes no passado, inclusive no governo anterior ao meu. É uma postura destrutiva, que demonstra total irresponsabilidade com o povo mineiro que, se prosperar, vai significar salários atrasados e nenhum reajuste para categoria alguma. É uma medida totalmente impensada, responsável e que precisa ser repudiada”, afirmou Zema nesta sexta.

O governo informou que entrará no STF para tentar evitar o pagamento dos R$ 15 bilhões. Porém, até a tarde desta sexta, a reportagem não localizou a ação no sistema eletrônico do tribunal.

Oposição pede transparência

Presidente do PT em Minas Gerais, o deputado estadual Cristiano Silveira cobrou que o governo Zema apresente documentos oficiais que comprovem o valor que seria bloqueado das contas públicas por causa da não adesão ao PAF dentro do prazo.

“O projeto não trouxe comprovação nenhuma mostrando o suposto impacto negativo de R$ 15 bilhões, que depois foi reduzido para R$ 5 bilhões pelo próprio governo nas discussões na ALMG, mostrando mais uma mentira dessa turma”, escreveu ele nas redes sociais. “Mesmo se fosse verdade o bloqueio de R$ 5 bilhões, o governo teria hoje em caixa mais de R$ 30 bilhões, segundo dados apresentados pelo Mentirômetro, publicado pelo Sinfazfisco”, continuou o parlamentar.

O petista criticou o fato do projeto só ter sido apresentado no dia 18 de maio, apontando que houve pouco tempo para análise do texto, e também a troca do secretário de Governo — Igor Eto (Novo) foi substituído por Gustavo Valadares (PMN) — justamente na última semana do prazo. “Só faltava essa: transferir a responsabilidade de troca de secretário para os partidos opositores”, disse Cristiano Silveira.

Correspondente da Rádio Itatiaia em São Paulo. Ingressou na emissora em 2023. Começou no rádio comunitário aos 14 anos. Graduou-se em jornalismo pela PUC Minas. No rádio, teve passagens pela Alvorada FM, BandNews FM e CBN, no Grupo Globo. Na Band, ocupou vários cargos até chegar às funções de âncora e coordenador de redação na Band News FM BH. Na televisão, participava diariamente da TV Band Minas e do Band News TV. Em 2023, foi reconhecido como um dos 30 jornalistas mais premiados do Brasil.