Exonerado nesta terça-feira (27), Igor Mascarenhas Eto, 31 anos, foi secretário de Governo da administração de Romeu Zema (Novo) por três anos e três meses. Com origem política no Partido Novo, um dos motivos da saída, alegado por correligionários, foi a lentidão na articulação junto à Assembleia para que pautas ligadas à privatização de empresas estatais avançassem. A pauta é uma das principais bandeiras da sigla.
Eto é formado em administração de empresas pelo Ibmec e fundou duas empresas, a primeira no ramo de consultoria e a segunda de comunicação, segundo texto do próprio secretário em uma rede social. Ele entrou no Novo em 2017, onde atuou como secretário de Finanças do diretório de Minas Gerais e foi o responsável por coordenar a expansão do partido na região metropolitana de Belo Horizonte.
No ano seguinte, foi um dos coordenadores da campanha vitoriosa de Zema, com quem tem excelente relação. Ao longo dos anos, mesmo quando pressionado, o governador bancou a permanência de Eto no cargo em diversas ocasiões.
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Chegada ao governo
Com o Novo no governo de Minas Gerais, Igor Eto foi nomeado em 2019 para comandar a Secretaria Geral, órgão responsável por assessorar diretamente o governador. Em um episódio que se tornou célebre nos corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no início do governo, o secretário costumava cronometrar o tempo de fala de cada participante em reuniões com o governador, o que causou atrito com deputados estaduais.
O primeiro mandato de Zema foi marcado por uma relação conturbada com os parlamentares. O primeiro secretário de Governo, Custódio Mattos, então no PSDB, durou oito meses no cargo. O substituto dele, Bilac Pinto (União), ficou apenas sete meses. Ele pediu exoneração após firmar um acordo com a segurança pública para conceder reajuste à categoria em três parcelas: de 13%, 12% e 12%.
Porém, após a aprovação do projeto na ALMG, Zema vetou as duas últimas parcelas, o que levou Bilac a pedir exoneração em março de 2020, semanas antes das primeiras medidas de isolamento adotadas por conta da pandemia de covid-19. Em um momento de crise, Igor Eto foi remanejado para a Secretaria de Governo e o então vereador de Belo Horizonte, Mateus Simões (Novo), foi para a Secretaria Geral, onde se tornou uma espécie de “gerente” da administração Zema. Em 2022, foi eleito vice-governador.
Relação com a ALMG
Como secretário de Governo, Eto teve dificuldades em 2021 e 2022 para articular a aprovação dos projetos do governo na ALMG, principalmente devido à resistência do então presidente da Casa, Agostinho Patrus (PV).
O principal mérito do agora ex-secretário foi articular a coalizão de 10 partidos que apoiaram a reeleição de Zema no primeiro turno em outubro de 2022. Porém, Igor Eto voltou a encontrar dificuldades na relação com os deputados estaduais por sua atuação na eleição para presidente da ALMG em janeiro deste ano.
Ele insistiu em lançar como candidato governista o deputado Roberto Andrade (Patriota), movimento que sofreu resistência inclusive de partidos que atualmente estão na base de governo, como o PL. Sem opções, o governo Zema foi obrigado a abrir mão da candidatura de Andrade e apoiar Tadeu Martins Leite (MDB), candidato que tinha o apoio da oposição formada por partidos de esquerda.
Diferente de seu antecessor, Tadeu Leite adotou uma postura de independência em relação ao governo Zema e, até aqui, sua presidência foi marcada por colocar os projetos de autoria do governador em votação.
Igor Eto conseguiu articular a aprovação de projetos propostos por Zema neste início de 2023, como a reforma administrativa, o aumento salarial para o governador, o vice e os secretários e o fim do IPVA Complementar, que embora não tenha sido proposto pelo governador, foi defendido pelo governo.
Porém, mesmo com uma base de apoio formada por mais de 50 dos 77 deputados estaduais, há críticas internas no governo à condução feita pelo ex-secretário. Eto é criticado pelo que é visto como excesso de acordos com a oposição para as proposições avançarem e problemas para manter a base de governo mobilizada. Em diversos momentos, reuniões que votariam propostas de Zema foram encerradas por não haver número mínimo de deputados no plenário.