Em 2019, os nove estados do Nordeste brasileiro criaram um bloco para negociar, em conjunto, temas de interesse da região com o governo federal. No mesmo ano, uma ação semelhante foi feita pelos estados do Sul e do Sudeste.
O primeiro ficou conhecido como Consórcio Nordeste e ganhou protagonismo, principalmente na tentativa de desempenhar um papel ativo durante a pandemia de covid-19 e pelo enfrentamento ao governo de Jair Bolsonaro (PL). O segundo - chamado de Cosud - tenta se consolidar como um bloco de estados para atuar em conjunto e defender seus interesse sobre temas nacionais, como a reforma tributária.
O Cosud termina o segundo ciclo de encontros em Belo Horizonte, neste sábado (3), com a presença dos sete governadores do Sul e Sudeste: Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio Gomes de Freitas (São Paulo), Renato Casagrande (Espírito Santo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Ratinho Jr (Paraná), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul).
Em discurso durante evento de encerramento, Zema reconheceu que o Cosud precisa fazer o que já acontece no Consórcio Nordeste: união entre os estados.
“Na minha vida, no setor privado, uma das coisas que mais fiz foi visitar concorrentes para conhecer as boas práticas. O que estamos fazendo aqui é algo que acontece no Brasil nos estados do Nordeste, que trabalham unidos. Sul e Sudeste nunca tiveram essa união que nossos colegas do Nordeste e do Norte tem. O que estamos fazendo aqui é copiá-los”, disse Zema.
‘Sem viés ideológico’
A comparação entre Cosud e o Consórcio Nordeste também veio à tona nesta sexta-feira (2), quando os governadores foram questionados se o bloco dos estados do Sul e Sudeste seria um contraponto, à direita, ao bloco dos governadores do Nordeste, em sua maioria, alinhados à esquerda.
No entanto, os chefes de Executivo estadual se apressaram em negar que o
“Somos um grupo de governadores de diversos partidos e, consequentemente, as nossas propostas aqui são apartidárias. Queremos defender boas propostas. Os principais estados do Brasil nunca tiveram essa união e, às vezes, por serem até menores, outros já tiveram e acabam fazendo com que as propostas - que nem sempre são as de melhor interesse do Brasil - sejam aquelas que prosperam”, disse Romeu Zema (Novo) sem se referir, diretamente, ao Consócio Nordeste.
“O Cosud não fica discutindo ideologia, fica discutindo metodologia. [O consórcio] foi criado para nos ajudarmos internamente. O que Minas Gerais está fazendo de bom que o Paraná pode usar? O que o Paraná está fazendo que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina pode usar e vice-versa”, explicou o paranaense Ratinho Jr (PSD).
“Não se trata de esquerda ou direita, aqui é quem produz e quem trabalha dedicadamente para o crescimento do Brasil. O Cosud é suprapartidário e nós queremos contribuir. Ninguém aqui está vendo questão ideológica. Eu estou preocupado com os estados que representam 60% da população do Brasil, a importância que temos e que nós precisamos ser ouvidos”, resumiu o governador catarinense, Jorginho Mello (PL).
Cosud: maioria do bloco apoiou Bolsonaro
Embora neguem o “viés ideológico” do grupo, a maioria dos governadores apoiou a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em outubro do ano passado - casos de Romeu Zema, de Minas Gerais; Jorginho Mello, de Santa Catarina; Ratinho Júnior, do Paraná; Cláudio Castro, do Rio de Janeiro; e Tarcísio Gomes de Freitas, de São Paulo.
Eduardo Leite apoiou Bolsonaro nas eleições de 2018, mas não se posicionou no pleito do ano passado. Renato Casagrande (PSB) foi o único a declarar voto em Lula nas eleições de 2022.