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‘Não contratem aquela gente lá de cima’, diz vereador ao atacar trabalhadores escravizados no RS

Em fala racista e xenofóbica, Sandro Fantinel (Patriota) disse que agricultores devem optar por trabalhadores argentinos, que são mais “limpos”

O vereador de Caxias do Sul (RS), Sandro Fantinel (Patriota), atacou os trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, durante uma operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na semana passada.

Durante uma sessão na Câmara Municipal, o parlamentar criticou a operação que libertou mais de 200 trabalhadores encontrados em situação degradante.

“Temos que botar eles em um hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”, questionou o parlamentar.

Em seguida, Fantinel disse que organizaria uma linha para contratar argentinos e não baianos, pois aqueles são mais “limpos”.

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“Não contratem mais aquela gente lá de cima. Conversem comigo, vamos criar uma linha e contratar argentinos. Por que todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palma. São limpos, trabalhadores, corretos, cumprem o horário, mantém a casa limpa e no dia de irem embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam”, disse na tribuna do plenário da Câmara Municipal de Caxias do Sul. Até o momento, o órgão Legislativo não se manifestou sobre o caso de racismo e xenofobia.

“Agora, com os baianos, que a única cultura que eles tem é viver na praia tocando tambor, era normal que fosse ter esse tipo de problema. Que isso sirva de lição: deixem de lado aquele povo que é acostumado com Carnaval e festa para vocês não se incomodarem novamente”, completou.

Contratados por uma empresa terceirizada para prestar serviços para as maiores vinícolas do país, como Aurora, Salton e Garibaldi, os trabalhadores foram resgatados em situação degradante. De acordo com relatos obtidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), os funcionários, que vieram em sua maior parte da Bahia, tiveram pagamentos de salário atrasados, foram submetidos a violência física, longas jornadas de trabalho e foram forçados a comer alimentos estragados.

Eles ainda afirmaram que foram ameaçados de pagar multa por rompimento de contrato caso deixassem o local de trabalho. Ao menos uma pessoa foi presa.

Confira o vídeo com a fala do vereador:

Editor de política. Foi repórter no jornal O Tempo e no Portal R7 e atuou no Governo de Minas. Formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), tem MBA em Jornalismo de Dados pelo IDP.
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