O Conselho Indígena de Roraima (CIR), entidade que representa 261 comunidades indígenas no estado da região Norte do Brasil, repudiou a eleição do senador Chico Rodrigues (PSB-RR) para ocupar a presidência da Comissão Externa criada pelo Senado para investigar a situação dos Yanomami. A entidade também criticou a nomeação de Hiran Gonçalves (PP-RR) para ocupar a relatoria do órgão colegiado.
Em nota oficial compartilhada em uma rede social, o CIR diz que os dois senadores, que são de Roraima, “jamais se posicionaram a favor do povo Yanomami e dos povos indígenas” do estado.
"É de se questionar até onde estão infiltrados na estrutura do Estado Brasileiro os representantes dos crimes e interesse dos garimpeiros ilegais no Estado de Roraima. Não aceitamos que grupos políticos usem o Senado para atender interesses escusos”, afirmou.
A entidade indigenista também diz que há conflito de interesses na escolha dos senadores e cobra do Senado a garantia de direitos fundamentais dos povos indígenas.
"É imoral e antiético que uma autoridade investigada e que foi flagrada em operação da Polícia Federal seja presidente de uma comissão tão importante”, diz a nota em referência a uma operação da PF contra Chico Rodrigues, em 2020, quando ele foi flagrado com R$ 30 mil em espécie escondidos na cueca.
“Portanto, pedimos o afastamento do Senador Chico Rodrigues da Comissão e de seu Relator, não podemos aceitar o desvirtuamento do papel do Senado, que deveria garantir os direitos fundamentais dos povos indígenas”, pede o CIR.
A reportagem entrou em contato com o Senado e os senadores Chico Rodrigues e Dr. Hiran e aguarda retorno.