A Polícia Federal se prepara para realizar uma ação em território indígena Yanomami, em Roraima, para a retirada de garimpeiros ilegais do local. Autoridades que acompanham o drama que envolve a situação de emergência sanitária que atinge a população indígena local ligam o crescimento de atividades garimpeiras com o agravamento da situação dos Yanomami.
Relatos de uma “epidemia” de desnutrição chamaram a atenção das autoridades nos últimos dias. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi até Boa Vista (RR) para conversar com lideranças indígenas que acompanham a situação de perto. Na ocasião, ele disse que o governo irá tratar os indígenas como seres humanos.
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Dados do Ministério dos Povos Indígenas revelam que, somente no ano passado, 99 crianças morreram de causas evitáveis na região, como diarreia, malária, fome e desnutrição. Nos últimos quatro anos, foram 570 vítimas, entre crianças e adultos, todos do povo Yanomami.
Nesta terça-feira (23), o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou que a Polícia Federal já começou a planejar a operação.
“A PF já começou planejamento para cumprimento das decisões judiciais relativas à extrusão das terras indígenas invadidas pelo garimpo ilegal. A realização dessa ação envolve o estado de Roraima, o município de Boa Vista., é bastante complexa do ponto de vista social, mas será feita”, afirmou.
20 mil garimpeiros
O secretário nacional de Saúde Indígena, Ricardo Weibe Tapeba, disse que os pouco mais de 30 mil moradores da Terra Indígena Yanomami estão "à mercê do crime organizado” e que cerca de 20 mil garimpeiros ilegais poluem os rios da região e parte da Floresta Amazônica, além de disseminar doenças entre os indígenas - entre elas a malária, que é uma das causas de morte de crianças e adultos que vivem na região.
“[Ao visitar as comunidades], descemos dentro do garimpo, que praticamente invadiu as aldeias. As comunidades estão à mercê do crime organizado. E não digo garimpeiros, mas sim crime organizado, porque há muitas pessoas armadas, coagindo [os índios] e sem se intimidar com a presença das Forças Armadas”, afirmou Tapeba.
O secretário disse, ainda, que equipes do Ministério da Saúde estão verificando indícios de irregularidades, como os de alguns contratos para prestação de serviços aos indígenas e que uma auditoria interna deve ser feita para acompanhar a questão.
(com informações da Agência Brasil)