O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se reuniu com presidentes de outros Poderes e os governadores e governadoras de 26 estados e do Distrito Federal na noite desta segunda-feira (9). A reunião foi marcada por discurso alinhado das autoridades políticas contra os atos criminosos, praticados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em Brasília, neste domingo (8).
A cerimônia teve discurso de quatro governadores - Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, e Celina Leão (PP), governadora em exercício do Distrito Federal. Também discursaram a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o presidente em exercício do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e de Lula.
O presidente disse que o governo foi pego de surpresa com a invasão dos prédios públicos e que a segurança pública do Governo do Distrito Federal falhou ao não conter os criminosos.
“Nós não fizemos nada até que eles fizeram. Todos nós fomos pegos de surpresa”, afirmou.
Lula disse que os generais não tomaram atitude para desmontar acampamentos formados em frente a unidades do Exército em todo o país e que policiais conversavam com agressores desde os atos de violência do dia 12 de dezembro, em Brasília, data da sua diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Eu não quis acreditar e, por isso, fui obrigado a conversar com o ministro da Justiça e tomar uma atitude forte. A polícia de Brasília negligenciou, a inteligência de Brasília negligenciou. Havia policiais conversando com agressores. No dia da minha diplomação, daquele quebra-quebra que teve em Brasília, a polícia acompanhava as pessoas tocando fogo em ônibus. Havia conivência explícita da polícia., de soldados do Exército conversando com agressores como se fossem aliados”, afirmou.
O presidente disse ainda que as investigações chegarão até os financiadores dos atos golpistas e que as instituições não serão “mornas” com ninguém.
“Não vamos parar de investigar esses que, possivelmente, são massa de manobra, receberam ajuda, lanche, comida para protestar. Os mandantes, certamente, não vieram aqui. Queremos saber quem financiou, custeou, pagou, para que ficassem tanto tempo”, afirmou.
“Sou especialista em acampamento e greve e não é possível que isso dure tanto tempo sem financiamento, sem que esteja garantido o pão de cada dia, o café, o almoço e a janta. Em nome da democracia, não seremos mornos com ninguém. Vamos investigar e chegar a quem financiou. Vamos descobrir”, completou.
Ao fim da reunião, todos os presentes seguiram, do Palácio do Planalto ao STF, a pé, para verificar os danos provocados pelos criminosos durante a invasão à sede da Suprema Corte.
Governadores
Em uma rara reunião que juntou todos os 27 governadores do país, os chefes do Poder Executivo estadual prestaram solidariedade com integrantes do Supremo, do Congresso Nacional e da Presidência após os ataques registrados ontem.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse ter criado um comitê de crise com representantes de diversas instituições para acelerar a identificação de cidadãos gaúchos que teriam participado dos atos criminosos na capital federal.
“Qualquer ruptura da ordem democrática é muito pior do que qualquer mal que qualquer governo pudesse vir a fazer. Respeito e solidariedade, presidente”, afirmou.
Ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), que governa São Paulo, disse que a democracia sairá mais fortalecida após os episódios de ontem.
“O país construiu a duras penas sua democracia. Esse é um valor que tem que ser exaltado. A democracia vai se tornar ainda mais forte após os episódios de ontem”, afirmou.
A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), classificou os atos deste domingo como golpistas e terroristas.
“Diante de um episódio tão grave, não poderia ser outra a atitude dos governadores do Brasil, de estarem aqui hoje para dizer à sociedade brasileira que estamos firmes em harmonia e sintonia com os demais Poderes na defesa da democracia”, afirmou.
Já a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão (PP), saiu em defesa do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) e disse que o governo não irá tolerar vandalismos e atos terroristas.
“Para quem participa da democracia, a gravidade do gesto de ontem é tão grande que hoje temos uma reunião com todos os governadores do Brasil. A democracia não irá tolerar esse tipo de comportamento”, disse.