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Gato com pedigree: cuidados que devem ir além da aparência

Ter o documento que comprova a linhagem é importante, mas os protocolos rigorosos e o bem-estar continuam sendo prioridades para donos e criadores

Optar por um gato de pedigree exige responsabilidade redobrada na escolha do criador, nos cuidados com a saúde e na manutenção do bem-estar do animal

Ter um gato de pedigree pode parecer apenas uma questão de status, mas envolve cuidados que vão muito além da aparência. Esses animais pertencem a raças oficialmente reconhecidas, como persa, siamês ou maine coon, e possuem características genéticas e comportamentais bem definidas.

No entanto, optar por um gato de pedigree exige responsabilidade redobrada na escolha do criador, nos cuidados com a saúde e na manutenção do bem-estar do animal.

O pedigree mostra que um gato vem de uma linhagem de raça pura, com ancestralidade registrada por entidades reconhecidas. No Brasil, a Federação Felina Brasileira (FFB) é a única entidade nacional autorizada a emitir pedigrees reconhecidos internacionalmente pela Fédération Internationale Féline (FIFé).

Para que um filhote seja registrado, o criador deve solicitar o Registro de Ninhada (LO) à FFB. O processo exige que a mãe tenha no máximo três ninhadas em dois anos e que os pais tenham microchip e pedigree homologado.

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O registro deve ser feito até os quatro meses de idade; entre quatro e dez meses, o valor dobra, e após isso, há multas e até impossibilidade de registro, explica o Clube Brasileiro do Gato em cartilha.

Além disso, o registro apenas torna-se oficial após a homologação da FFB, que verifica a autenticidade do documento e sua conformidade com os padrões exigidos.

O que importa de verdade: proteção, cuidado e responsabilidade

A chegada de um gato de pedigree exige preparo. O Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) orienta que a criação responsável inclui não apenas a saúde física, mas também o bem-estar emocional dos animais.

Isso significa oferecer estímulos adequados, espaço para brincar, socialização e alimentação de qualidade.

  • Escolher criadores credenciados e que apresentem laudos de saúde dos filhotes;
  • Realizar exames preventivos e manter a vacinação e a vermifugação em dia;
  • Garantir ambiente enriquecido, com arranhadores, brinquedos e locais de descanso;
  • Investir em nutrição balanceada, de acordo com a orientação do médico-veterinário.

Diferenças entre gatos de pedigree e sem raça definida

Os gatos sem raça definida (SRD), conhecidos popularmente como vira-latas ou mestiços, não possuem essa documentação, embora possam ser igualmente saudáveis, afetuosos e inteligentes.

Um ponto importante é que os gatos de pedigree podem ser mais propensos a doenças hereditárias. A Associação Internacional de Medicina Felina (ISFM) alerta, por exemplo, que persas têm maior risco de desenvolver doença renal policística, enquanto os sphynx podem apresentar problemas dermatológicos devido à ausência de pelos.

Isso torna essencial que os tutores realizem acompanhamento veterinário regular e escolham criadores responsáveis, que façam o controle genético para evitar cruzamentos prejudiciais.

Ainda que os gatos de pedigree sejam valorizados por sua beleza e temperamento previsível, especialistas reforçam que adotar um gato sem raça definida também é um ato de amor e responsabilidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que só no Brasil existam cerca de 10 milhões de gatos em situação de abandono, muitos deles aguardando um lar.

Jessica de Almeida é repórter multimídia e colabora com reportagens para a Itatiaia. Tem experiência em reportagem, checagem de fatos, produção audiovisual e trabalhos publicados em veículos como o jornal O Globo e as rádios alemãs Deutschlandfunk Kultur e SWR. Foi bolsista do International Center for Journalists.