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Poupança acumula saques de R$ 78,5 bi; saiba investimentos que rendem mais

Retirada de dinheiro da poupança em nos primeiros nove meses de 2025 já é maior do que o saldo de 2024; Selic alta favorece outros investimentos

Poupança teve mais dinheiro sacado do que investido em setembro

A Caderneta de Poupança já registrou uma saída líquida de R$ 78,5 bilhões no acumulado de janeiro até setembro, segundo dados divulgados pelo Banco Central nessa quarta-feira (8). O valor é quase 400% maior do que o total de recursos retirados em 2024, quando no ano inteiro o saldo de saída líquida foi de R$ 15,4 bilhões.

Somente no mês passado os poupadores retiraram o valor semelhante de R$ 15 bi da caderneta, o segundo maior saldo do ano, atrás apenas de janeiro, quando foram retirados R$ 26 bilhões da modalidade. Em setembro foram investidos R$ 356,6 bilhões, contra saques de R$ 371,6 bilhões. No ano, os saques somaram R$ 3,22 trilhões, enquanto os depósitos estão na casa de R$ 3,14 trilhões.

O especialista de renda fixa do Inter, Rafael Winalda, explica que a inflação alta favorece a retirada de recursos da poupança, considerando a necessidade das famílias em ter dinheiro disponível. “Essa evasão pode ser dada por vários motivos, não só uma realocação melhor da carteira dos investidores, mas também como necessidade”, disse à Itatiaia.

Atualmente, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está estimado em 5,13%, acima Com os preços elevados, o Banco Central adota uma política restritiva e mantém a taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, estimulando o investimento em ativos com rendimentos maiores do que a poupança.

Em linhas gerais, a caderneta rende 0,5% mais uma taxa referencial ao mês, para o caso da Selic acima de 8,5% ao ano. Contudo, essa taxa está próximo de 0% não alterando o rendimento da poupança.

Veja investimentos alternativos a poupança

A caderneta é a porta de entrada do mundo dos investimentos, seguindo a máxima de que deixar o dinheiro render é melhor do que deixá-lo parado. “A poupança é tradicionalmente um dos primeiros investimentos que o brasileiro tem à disposição, e quando ele quer sair a gente tem recomendado muito ativos mais seguros”, destacou Winalda.

Certificado de Deposito Bancário

O especialista explica que para começar de forma mais cautelosa a sair da poupança, é recomendável o investimento em Certificados de Depósito Bancário (CDB), que possuem proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Os certificados são indexados a uma taxa como o CDI, Selic ou inflação.

“O CDB é uma Selic pós-fixado. Vai ter um rendimento bem melhor do que essa poupança e você vai ter liquidez, vai ter segurança, vai contar com o FGC. Deu esse primeiro passo, criou essa reserva de emergência, quer andar um pouco mais? A gente começa a olhar para o crédito privado”, disse.

CRIs e CRAs

Winalda explica ainda o funcionamento de títulos como Certificado de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRI e CRA), que podem ser fixados a Selic ou a inflação mais uma taxa pré-fixada. pensados para o longo prazo e isentos de Imposto de Renda. Outra diferença para além do imposto, é que os títulos não possuem proteção do FGC, aumentando a recompensa pelo risco.

“No longo prazo é interessante investir visando a inflação. Você vai montar sua carteira com boa parcela em inflação, o famoso IPCA+. No Brasil, o imposto de renda em um ativo que não é isento, ele é cobrado em cima da inflação e da parte pré-fixada. Como o Brasil historicamente tem taxas de inflação mais alta, é possível que lá na frente eu pague um imposto muito alto. Com o isento isso não acontece. É interessante para quem quer sair do CDB”, explicou.

Tesouro direto

Considerado o investimento mais seguro do país, garantido pela União, os títulos de tesouro direto contam com três modalidades, sendo a principal o Tesouro Selic, com rendimento e liquidez diário. “Quem garante esse investimento é o governo federal, e ele é o dono do jogo. Ele vai te pagar com toda certeza”.

Outras modalidades são os tesouros pré-fixados, com uma taxa conhecida na hora do investimento, e o IPCA+, similar aos certificados de recebíveis. Cabe lembrar que os títulos do tesouro não são isentos de Imposto de Renda, seguindo uma tabela regressiva de acordo com o tempo em que o dinheiro fica investido.

E a renda variável? Como fica?

O especialista do Inter ressalta que o investimento em renda variável é recomendado para investidores que possuem um perfil mais arrojado, que não se importam com as variações do rendimento no curto prazo. Para esse perfil, o mercado de ações não seria interessante, devido aos altos riscos.

Porém, quem quer experimentar a renda variável pode investir em fundos imobiliários, que possui uma volatilidade semelhante e rendimentos altos. Mas se o mercado de ações é atrativo, o investidor pode se expor com fundos de investimentos, recomendável para aqueles que não conseguem acompanhar as cotações diariamente.

“Os fundos são uma alternativa interessante, onde você tem uma equipe especializada com gestor, analistas que ficam observando o mercado. Se você tem um perfil conservador moderado não seria interessante investir agora na renda variável, mas se você tem um perfil arrojado, cerca de 15% da sua carteira é interessante ter no mercado”, completou.

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Jornalista formado pela UFMG, Bruno Nogueira é repórter de Política, Economia e Negócios na Itatiaia. Antes, teve passagem pelas editorias de Política e Cidades do Estado de Minas, com contribuições para o caderno de literatura.