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Do carro ao smartphone: entenda por que o futuro da tecnologia é feito de ligas

Coordenador de PDI em Materiais no Centro de Inovação e Tecnologia Senai Fiemg, Thompson Júnior Ávila Reis, detalha como a ‘mistura’ de metais com outros elementos resulta em materiais com propriedades personalizadas, impactando desde a segurança de veículos até a eficiência de celulares.

Mais que metal: a tecnologia ‘invisível’ que deixa seu celular mais potente

Dos trilhos de trem aos componentes eletrônicos de um smartphone, as ligas metálicas especiais são a base da tecnologia moderna, embora muitas vezes passem despercebidas. Esses materiais, desenvolvidos com propriedades personalizadas, são fundamentais para a inovação em diversos setores da indústria, proporcionando mais segurança, eficiência e versatilidade a produtos do nosso dia a dia.

Para entender como essa tecnologia funciona e seu impacto, a Itatiaia entrevistou o coordenador de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI) em Materiais no Centro de Inovação e Tecnologia Senai Fiemg, Thompson Júnior Ávila Reis. Ele explica que, na prática, os metais em seu estado puro, como ferro ou cobre, raramente são utilizados em aplicações finais.

O que são ligas especiais?

Segundo o especialista, a maioria dos materiais que utilizamos são, na verdade, ligas metálicas. Elas são o resultado da “mistura” de diferentes elementos químicos a um metal base para se obter características aprimoradas e específicas para cada aplicação.

“O nome dado a estas ‘misturas’ é ligas metálicas. O exemplo mais comum é o aço. Uma liga metálica cuja base é constituída da adição de carbono ao ferro”, detalha Reis. Ele destaca que pequenas variações na composição podem gerar resultados completamente diferentes.

A versatilidade é a principal vantagem desses materiais. Ao ajustar a “receita” de uma liga, é possível criar desde aços extremamente duros e rígidos, usados em ferramentas de corte e trilhos, até materiais muito maleáveis, ideais para a estampagem de peças de carros e eletrodomésticos.

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Impacto no dia a dia

O desenvolvimento de ligas personalizadas permite que a indústria crie produtos com desempenho superior. Essa evolução é facilmente percebida em setores como o automotivo e o de eletrônicos, que dependem diretamente da inovação em materiais para avançar.

No caso dos veículos, a aplicação de novos tipos de aço trouxe avanços significativos. Thompson Reis aponta que os benefícios vão além da simples estrutura do carro e impactam diretamente a segurança, o meio ambiente e até mesmo o design.

  • Segurança veicular: Ligas mais resistentes aumentam a integridade do habitáculo em situações de colisão, protegendo melhor os ocupantes.
  • Sustentabilidade: Ganhos em resistência mecânica permitem a fabricação de veículos mais leves. Carros mais leves consomem menos combustível e, consequentemente, emitem menos gases de efeito estufa.
  • Estética e Design: A maior conformabilidade (maleabilidade) dos aços modernos oferece mais liberdade para os designers criarem modelos com linhas mais arrojadas e sofisticadas.

Celulares com mais recursos

Em produtos eletrônicos como os celulares, a inovação está nas ligas com propriedades elétricas aprimoradas. “Ligas metálicas com melhores propriedades elétricas proporcionam melhor eficiência para componentes eletrônicos e possibilitam a incorporação de mais recursos aos aparelhos”, afirma o coordenador.

Esse avanço permite que os dispositivos sejam, ao mesmo tempo, mais potentes e mais eficientes no consumo de energia, possibilitando a integração de novas funcionalidades que demandam alto desempenho de processamento e conectividade, moldando a forma como nos comunicamos e interagimos com a tecnologia.

O Instituto apoia a indústria na criação de materiais para aplicações extremas. Clique para saber mais.

Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.