A participação feminina nas exportações brasileiras ainda é baixa, mas políticas recentes do governo federal e mudanças em acordos comerciais buscam alterar esse cenário.
Levantamentos da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, em 2023, apenas 14% das empresas exportadoras tinham liderança feminina em sua composição societária.
Em 2025, a presença de mulheres em cargos de liderança nessas empresas subiu para 31,8%, embora apenas 14,5% das empresas exportadoras tenham maioria feminina e 2% do total exportado venha de empresas lideradas por mulheres.
Nesta quarta-feira (8), durante o 11º Encontro da Convergência Empresarial de Mulheres do Mercosul (CEMM), a secretária em exercício da Secex, Daniela Matos, explicou a importância de programas para ampliar o protagonismo feminino no setor exportador.
“Foi um diagnóstico importante que nos mostrou o tamanho do desafio. As mulheres ainda são minoria entre as exportadoras e, em muitos casos, enfrentam barreiras mais altas que os homens. A partir desse estudo, o MDIC passou a tratar o tema como prioridade, tanto na promoção de exportações, com programas como o Elas Exportam, quanto na incorporação da perspectiva de gênero nos acordos comerciais, como o Acordo Mercosul–União Europeia”, afirmou.
O novo capítulo do Mercosul–UE inclui dispositivos específicos para promover a inclusão de mulheres, incentivando cooperação, intercâmbio de experiências e políticas voltadas à participação feminina em empresas que atuam no comércio internacional.
Especialistas apontam que essa inclusão pode tornar as empresas mais inovadoras, resilientes e competitivas, com impacto direto na indústria brasileira.
“As mulheres empresárias fazem muito pela economia dos nossos países. É essencial que elas tenham um lugar de protagonismo também nos acordos comerciais. O novo capítulo sobre comércio e empoderamento feminino é um passo histórico”, disse a coordenadora executiva da Convergência Empresarial de Mulheres do Mercosul, Laura Velásquez.
O evento reuniu lideranças empresariais femininas de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de representantes do setor produtivo e do governo.
“Hoje estamos com as negociações concluídas e as disciplinas jurídicas compatibilizadas. Do lado do Mercosul, há total disposição em ver o acordo se tornar realidade. Esperamos que sua assinatura ocorra ainda durante a presidência brasileira do bloco, para que entre em vigor o quanto antes e gere oportunidades concretas para os nossos países”, concluiu o embaixador da Argentina no Brasil, Guillermo Daniel Raimondi.