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Acordo com os EUA pode liberar R$ 41 bilhões em exportações brasileiras, aponta CNI

Com possível redução de tarifas, estudo da CNI aponta oportunidade para recuperar mercados e fortalecer a indústria nacional

Setor industrial acompanha negociações entre Brasil e EUA que podem liberar US$ 7,8 bilhões em exportações

O Brasil pode obter ganhos de até US$ 7,8 bilhões - cerca de R$ 41 bilhões - em exportações caso avance o diálogo comercial com os Estados Unidos. A estimativa é da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A CNI analisou os possíveis efeitos da Ordem Executiva nº 14.346, publicada em 5 de setembro pelo governo norte-americano. O estudo considera a possibilidade de o país ser incluído no grupo de parceiros que podem negociar reduções tarifárias sobre 1.908 produtos listados na medida.

A expectativa em torno do tema aumentou após a conversa telefônica entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada nesta segunda-feira (6). Durante o diálogo, Lula pediu a revogação da tarifa adicional de 40% aplicada aos produtos brasileiros.

Os dois países designaram interlocutores para conduzir as próximas etapas: o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Estado americano, Marco Rubio.

Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, o avanço das tratativas representa uma oportunidade concreta de reconstruir o diálogo econômico entre os dois países.

Segundo ele, o objetivo não é apenas ampliar o comércio, mas recuperar espaço perdido no mercado norte-americano, restabelecendo a competitividade das exportações brasileiras.

Medida dos EUA abre espaço para isenções tarifárias

A ordem executiva norte-americana estabelece uma estrutura de futuros acordos recíprocos, permitindo que países parceiros negociem reduções ou eliminações tarifárias em determinados produtos. O anexo PTAAP (Potential Tariff Adjustments for Aligned Partners) contempla bens agrícolas, recursos naturais, aeronaves, medicamentos genéricos e insumos farmacêuticos, entre outros.

Segundo a análise da CNI, o conjunto de itens listados corresponde a 18,4% do total exportado pelo Brasil aos EUA em 2024, somando-se aos 26,2% de produtos já isentos de tarifas adicionais. As isenções, porém, dependeriam de compromissos assumidos pelos países em temas de comércio e segurança.

Em alguns casos, a medida restringe os benefícios a artigos de aviação civil e seus componentes, dentro das regras da Seção 232, que regula tarifas com base em critérios de segurança nacional.

Café, cacau, frutas e produtos metálicos entre os beneficiados

Dos 1.908 produtos listados no anexo da ordem executiva, o Brasil exportou 526 itens aos Estados Unidos — número que chega a 819 produtos considerando o detalhamento de códigos tarifários. Entre os principais produtos potencialmente beneficiados estão café, cacau, frutas tropicais e produtos metálicos.

Para Ricardo Alban, o momento é favorável ao diálogo. “O que está em jogo não é um ganho extra para o Brasil, mas a recuperação de espaço comercial. A possibilidade de integrar o anexo significa devolver previsibilidade e competitividade às nossas exportações, corrigindo distorções que afetam diretamente a indústria e o emprego no país”, afirma.

Erem Carla é jornalista com formação na Faculdade Dois de Julho, em Salvador. Ao longo da carreira, acumulou passagens por portais como Terra, Yahoo e Estadão. Tem experiência em coberturas de grandes eventos e passagens por diversas editorias, como entretenimento, saúde e política. Também trabalhou com assessoria de imprensa parlamentar e de órgãos de saúde e Justiça. *Na Itatiaia, colabora com a editoria de Indústria.