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Como a simulação virtual evita prejuízos e acidentes na indústria real

Hernane do Bom Sucesso Xavier Moreira, Analista de Tecnologia do CIT SENAI, detalha como a falta de calibração e de controle dimensional na indústria pode gerar desde prejuízos financeiros até falhas graves em equipamentos, comprometendo a segurança de produtos que usamos todos os dias.

A precisão na indústria é um fator invisível, mas fundamental para a nossa segurança.

A precisão na indústria é um fator invisível, mas fundamental para a nossa segurança. Seja no motor de um carro ou em um equipamento hospitalar, uma peça com o tamanho errado pode causar problemas graves. Mas como as empresas garantem essa exatidão? A resposta está em dois processos cruciais: a calibração de instrumentos e o controle dimensional.

Em entrevista à Itatiaia, o analista de tecnologia Hernane do Bom Sucesso Xavier Moreira explica que calibrar um equipamento é o primeiro passo para a confiança. “A calibração de um instrumento serve para identificar o erro de medição que ele apresenta”. Segundo ele, o desgaste natural, impactos ou mesmo variações de temperatura podem fazer com que as máquinas percam a precisão.

Para o leitor entender o impacto disso, o especialista usa um exemplo simples e direto. Imagine uma balança industrial que, ao invés de 1 kg, mostra 950 g. “Nesse caso, o operador acabaria acrescentando mais produto até que o visor mostrasse 1 kg, alterando o peso real e comprometendo a qualidade e os custos do processo”.

Qual o risco quando as peças não se encaixam?

O controle dimensional é o que garante que cada componente tenha a forma e o tamanho exatos. Quando isso falha, as consequências podem ser desastrosas. Hernane alerta que peças mal ajustadas podem gerar “vibrações, desgaste prematuro ou até quebras durante o uso”.

Os riscos variam conforme o produto, mas são sempre sérios:

  • Em um motor: Um erro na montagem pode provocar vazamentos, superaquecimento ou até o travamento completo do sistema.
  • Em equipamentos médicos: A falha “pode comprometer diretamente a segurança do paciente, prejudicando o funcionamento de um equipamento vital”.

Simulação: a ‘bola de cristal’ da indústria

Para evitar esses problemas, principalmente na fabricação de componentes complexos, a indústria moderna utiliza a tecnologia a seu favor. Antes mesmo de uma peça ser produzida, ela é criada e testada em um ambiente virtual.

“A simulação de usinagem é usada para otimizar trajetórias e verificar possíveis colisões entre a ferramenta de corte, a peça ou os dispositivos de fixação”. De acordo com Moreira, essa etapa, conhecida como Manufatura Assistida por Computador (CAM), permite prever falhas, evitar retrabalhos e planejar toda a produção, desde as ferramentas necessárias até o tempo de fabricação.

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O que torna um componente ‘complexo’?

Mas o que, de fato, faz uma peça ser considerada complexa? O analista explica que não há uma única resposta. Segundo ele, a complexidade pode vir do formato da peça, do material utilizado ou da precisão exigida.

“Peças com geometrias orgânicas, com poucas superfícies planas e muitas direções e curvas, tornam-se complexas porque exigem várias operações”. Da mesma forma, materiais muito duros ou a necessidade de uma precisão extrema aumentam o desafio.

Ao final, Hernane reforça que a combinação entre o planejamento virtual e a execução precisa é o que impulsiona a produção. “Quando as duas são usadas em conjunto, é possível reduzir tempo e custo, melhorar o acabamento das peças e alcançar resultados mais precisos”.

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Amanda Alves é graduada, especialista e mestre em artes visuais pela UEMG e atua como consultora na área. Atualmente, cursa Jornalismo e escreve sobre Cultura e Indústria no portal da Itatiaia. Apaixonada por cultura pop, fotografia e cinema, Amanda é mãe do Joaquim.