Após 17 anos de história, o Kia Soul está prestes a deixar definitivamente as linhas de montagem. A marca sul-coreana confirmou que a produção do modelo será encerrada em novembro de 2025, marcando o fim de um dos seus modelos mais icônicos.
Comercializado no Brasil entre 2009 e 2020, o Kia Soul conquistou admiradores ao redor do mundo com o seu design ousado e proposta fora dos padrões. No entanto, a fabricante decidiu concentrar esforços em modelos com maior apelo mercadológico e rentabilidade, como os SUVs Sportage, Sorento e Telluride. Nem mesmo as boas vendas — cerca de 1,5 milhão de unidades nos Estados Unidos ao longo de suas três gerações — foram suficientes para garantir a continuidade do modelo.
Lançado em 2009, o Soul simbolizou uma mudança de fase na Kia, que deixava de ser vista apenas como uma montadora de carros de baixo custo para apostar em design e personalidade. O responsável por essa transformação foi o designer alemão Peter Schreyer, ex-Grupo Volkswagen, conhecido por criar o New Beetle (1997) e o Audi TT (1998).
Sucesso e obstáculos no Brasil
No mercado brasileiro, o Soul estreou em 2009 com o slogan de “carro design”, equipado com o motor 1.6 16V e câmbio manual ou automático de quatro marchas (mesma mecânica do Hyundai HB20). O modelo rapidamente ganhou notoriedade, impulsionado por campanhas publicitárias e aparições em novelas, além de ter sido o primeiro Kia vendido no país a contar com motor flex, a partir de 2011.
O auge do Soul no Brasil ocorreu nesse mesmo ano, quando mais de 25 mil unidades foram vendidas. Entretanto, o cenário mudou com a implementação do programa Inovar-Auto, que aumentou em 30 pontos percentuais o IPI (Imposto para Produtos Industrializados) para veículos importados, prejudicando fortemente as vendas da marca.
Em 2018, o modelo acumulava apenas 127 unidades emplacadas durante todo o ano. Dois anos depois, o Grupo Gandini, representante da Kia no Brasil, optou por encerrar a importação do Soul, citando a alta do dólar e o baixo volume de vendas.
Desde 2021, o espaço deixado pelo Soul passou a ser ocupado pelo Kia Stonic, crossover compacto com motorização híbrida-leve, refletindo o novo direcionamento da marca rumo à eletrificação.