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OceanGate: falha em protocolos de segurança e ‘cultura de trabalho tóxica’ causaram implosão do submarino Titan

O relatório, que conta com mais de 300 páginas, relata o dia do acidente e todos os fatores que levaram à implosão do submersível

Submarino Titan

A Guarda Costeira dos Estados Unidos divulgou, nesta terça-feira (5), o relatório final da investigação da implosão do submarino Titan, da OceanGate, em 2023, que matou os cinco tripulantes.

O relatório, que conta com mais de 300 páginas, relata o dia do acidente, o histórico do submarino e até mesmo a cultura “tóxica” da OceanGate que levaram à implosão do submersível no dia 18 de junho de 2023.

“Este acidente marítimo e a perda de cinco vidas poderiam ter sido evitados”, disse o presidente do Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira, que liderou as investigações.

Os principais fatores que levaram à tragédia foram:

  • o projeto, a certificação, a manutenção e o processo de inspeção inadequados da OceanGate para o Titan;
  • cultura de trabalho tóxica na OceanGate;
  • estrutura regulatória nacional e internacional inadequada para operações de submersíveis e embarcações de projeto inovador;
  • processo de denúncia ineficaz sob a Lei de Proteção aos Marinheiros.

Além disso, segundo a Guarda Costeira, a OceanGate não investigou anomalias conhecidas no casco do submarino após uma expedição ao Titanic um ano antes da tragédia, em 2022. Naquela ocasião, o sistema de monitoramento em tempo real do Titan geraram dados que deveriam ter sido analisados, mas não foram. A empresa não levou em conta as informações, não fez nenhuma manutenção preventiva e armazenou o Titan inadequadamente até a expedição de 2023.

Qual foi a causa da implosão?

A causa da implosão, que ocorreu aproximadamente às 10h47 do horário local no Oceano Atlântico Norte, foi a “perda da integridade estrutural do casco de fibra de carbono do submersível, que causou uma implosão catastrófica e a morte instantânea de todos os cinco ocupantes devido à pressão da água de aproximadamente 4.930 libras por polegada quadrada”, segundo o documento.

Outras ações da OceanGate levaram à implosão do submersível, como:

  • Design e processos de teste inadequados;
  • Falta de análise do ciclo de vida do casco;
  • Excesso de confiança no Sistema de Monitoramento em Tempo Real (RTM, da sigla em inglês);
  • Uso continuado do submersível após incidentes;
  • Falhas de design e construção do casco;
  • Ausência de investigações detalhadas pós-incidentes;
  • Cultura de segurança tóxica e governança corporativa deficiente;
  • Deturpação da segurança do Titan;
  • Pressões financeiras;
  • Marco regulatório fraco.
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Mortes

No dia da tragédia, o submarino Titan desapareceu pouco mais de uma hora depois de submergir no Oceano Atlântico, a cerca de 600 quilômetros da costa do Canadá. O submersível ia em direção aos destroços do Titanic, que ficam a 3.800 metros da superfície. Havia cinco pessoas a bordo no momento da implosão, sendo elas:

  • Richard Stockton Rush III (Stockton Rush), de 61 anos: Piloto, Diretor Executivo (CEO) e Secretário do Conselho de Administração da OceanGate.
  • Paul-Henri Nargeolet, de 67 anos: Oceanógrafo francês, especialista na história do Titanic.
  • Shahzada Dawood, de 48 anos: Empresário paquistanês, vice-presidente do conglomerado Engro.
  • Suleman Dawood, de 19 anos: filho de Shahzada Dawood. Fã de ficção científica, ciência e viagens.
  • Hamish Harding, de 58 anos: bilionário britânico, aviador e empresário fundador do Action Group, um grupo de investimentos.

Todos os ocupantes foram expostos a uma alta pressão da água, que causou a implosão e a morte instantânea de todos a bordo.

Depois da implosão, segundo a Guarda Costeira, a equipe de comunicação e rastreamento do Titan, que estava em um navio de apoio, ouviu um ‘bang’ vindo da superfície do oceano dois segundos depois, o que os investigadores correlacionaram com a implosão do Titan. Após esse momento, todas as comunicações e rastreamento do submarino foram perdidos.

Recomendações

No relatório, o Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira fez algumas recomendações para prevenir futuros incidentes desse tipo.

As principais recomendações foram:

  • Atualização de regulamentos da Guarda Costeira dos EUA para submersíveis;
  • Expansão da supervisão federal para submersíveis de pesquisa oceanográfica;
  • Exigência de que todos os submersíveis operados por entidades dos EUA sejam construídos e mantidos de acordo com padrões de sociedades de classificação reconhecidas;
  • Melhoria das capacidades de busca e resgate subaquático da Guarda Costeira;
  • Trabalho com a Organização Marítima Internacional para definir “submersíveis de passageiros” e tornar as diretrizes existentes obrigatórias;
  • Exigência de capacidades aprimoradas de comunicação por voz para submersíveis;
  • Obrigação de notificação à Guarda Costeira local antes das operações, incluindo planos de mergulho e resposta a emergências.
Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.