Manifestantes atiram bombas e batatas na polícia em protesto contra acordo Mercosul-UE em Bruxelas

Trabalhadores da agricultura acusam a UE de prejudicar os meios de subsistência por meio de acordos comerciais

Um manifestante vestindo um colete da Jeunes Agriculteurs (JA, Jovens Agricultores) atira uma batata em direção ao Parlamento Europeu durante um protesto de agricultores para denunciar as reformas da Política Agrícola Comum (PAC) e acordos comerciais como o Mercosul, em Bruxelas, em 18 de dezembro de 2025, organizado pela Copa-Cogeca, a principal associação que representa agricultores e cooperativas agrícolas na UE

Um protesto contra a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia terminou com confronto com a polícia em Bruxelas, na Bélgica, nesta quinta-feira (18).

Segundo a CNN, manifestantes atiraram bombas de fumaça e batatas contra a polícia, que revidou com jatos de água de alta pressão.

A alta cúpula da UE se reuniu nesta manhã para discutir políticas comerciais e agrícolas.

Trabalhadores da agricultura acusam a UE de prejudicar os meios de subsistência por meio de acordos comerciais, como esse com o Mercosul e possíveis cortes de orçamento.

Os manifestantes dirigiram tratores até Bruxelas, buzinando e dando cobertura aos manifestantes que lançavam projéteis contra a polícia.

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Itália e França se opõem

A França e a Itália já se opuseram ao acordo, pedindo medidas para proteger os agricultores. Nesta quinta-feira (18), o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o acordo “não pode ser assinado” e que a França será opositora de toda “tentativa de forçar” a adoção do pacto.

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, também afirmou que se opõe ao acordo e exigiu garantias de reciprocidade para proteger o agronegócio na Europa. Ela disse que as medidas ainda precisam ser negociadas na Comissão Europeia.

O acordo já foi aprovado pelo Parlamento Europeu.

O que é o acordo Mercosul-UE?

Negociado desde 1999, o tratado entre União Europeia e Mercosul busca criar a maior área de comércio do mundo, reunindo cerca de 718 milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 22 trilhões de dólares.

O acordo prevê tarifas reduzidas ou zeradas para uma série de setores industriais e agrícolas, de acordo com as especificidades de cada mercado. Na parte do Mercosul, a oferta é de uma ampla liberalização tarifária de uma cesta de produtos. Cerca de 77% dos produtos agropecuários que a União Europeia compra de países do bloco da América do Sul podem ter as tarifas zeradas.

Apenas uma parcela reduzida dos bens negociados entre os dois blocos estão sujeitos a alíquotas ou tratamentos não tarifários. Para o setor automotivo, por exemplo, estão em negociação condições especiais para veículos elétricos, movidos a hidrogênio e novas tecnologias em um período de 18, 25 e 30 anos.

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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