Hong Kong cria comitê independente para investigar incêndio que matou 151

Autoridades identificaram várias falhas e que são necessárias mudanças nas normas de segurança, supervisão, construção e manutenção

Apartamentos ainda queimam após um grande incêndio ter devastado vários blocos de apartamentos no conjunto residencial Wang Fuk Court, no distrito de Tai Po, em Hong Kong, em 27 de novembro de 2025

O governo de Hong Kong criou um comitê independente para investigar o incêndio que matou 151 em um complexo residencial em Tai Po, na semana passada, anunciou o chefe do Executivo local, John Lee Ka-chiu, nesta terça-feira (2).

Autoridades afirmaram que o incêndio se propagou rapidamente devido às redes de plástico que cobriam os andaimes de bambu instalados para obras nos prédios. Essas estruturas não atendiam às normas de resistência ao fogo.

“Estabelecerei um comitê independente para fazer uma revisão ampla e profunda, reformar o sistema de obras em edifícios e evitar tragédias semelhantes no futuro”, disse Lee em entrevista coletiva. Um juiz presidirá a comissão.

Lee afirmou à AFP que as autoridades identificaram várias falhas e que são necessárias mudanças nas normas de segurança, supervisão, construção e manutenção.

Até o momento, 14 pessoas foram detidas, 13 delas acusadas de homicídio culposo. “Os culpados tentaram misturar redes de qualidade inferior com redes certificadas para enganar os órgãos de inspeção e as forças de segurança”, afirmou Lee.

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O incêndio

O complexo Wang Fuk Court tem oito torres e mais de dois mil apartamentos, e sete foram afetados pelo incêndio. Os edifícios Hung Cheong Court e Hung Tai Court foram os que mais registraram mortes, uma vez que foram os mais atingidos. Nesta segunda-feira (1º), autoridades locais confirmaram 151 mortos após buscas nos prédios.

O incêndio começou na tarde desta quarta-feira em Hong Kong, sendo madrugada no Brasil. O prédio passava por reformas antes de pegar fogo.

Segundo testes preliminares divulgados pelo HK01, os edifícios do complexo atendiam aos requisitos de resistência ao fogo. Porém, painéis de isopor que circundavam as janelas e portas do prédio eram extremamente inflamáveis.

A alta temperatura fez com que os andaimes de bambu pegassem fogo, incendiando outras seções da rede, o que dificultou o combate às chamas e acelerou a propagação.

As chamas também causaram desabamento de andaimes superiores, bloqueando saídas de emergência e entradas do prédio.

As imagens são impressionantes. Fotos e vídeos mostram o prédio totalmente destruído pelas chamas.

Esse é o incêndio mais grave já registrado em Hong Kong em 29 anos. Em 1996, 41 pessoas morreram em um edifício comercial em Kowloon. Na época, autoridades concluíram que as chamas começaram durante um trabalho de soldagem realizado em uma reforma.

Moradores relataram à AFP que não ouviram nenhum alarme de incêndio e avisaram uns aos outros sobre as chamas. “Tocar a campainha, bater nas portas, alertar os vizinhos, dizer que deveriam sair... foi assim que aconteceu [...] O fogo se propagou muito rapidamente”, relatou um morador.

*Com AFP

Formada pela PUC Minas, é repórter da editoria de Mundo na Itatiaia. Antes, passou pelo portal R7, da Record.

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