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Furacão Melissa: ‘Minha sensação era de que eu ia morrer’, diz brasileira na Jamaica

Brasileira viajou para Jamaica com o marido para comemorar 21 anos de casamento; de acordo com ela, essa era a viagem dos sonhos do casal

Karina Okamoto, de 44 anos, viajou para Montego Bay, na costa norte da Jamaica, na última quinta-feira (23), com o marido, Nivio Mello Junior, também de 44 anos, para comemorar os 21 anos de casamento

A brasileira Karina Okamoto, de 44 anos, afirmou ter enfrentado momentos de tensão e medo com a passagem do furação Melissa pela Jamaica nessa terça-feira (28). Ela está no país com o marido Nivio Mello Junior, também de 44 anos, desde a última quinta-feira (23). O casal desembarcou em Montego Bay, na costa norte da Jamaica, para comemorar o aniversário de 21 anos de casamento.

Junto com outros turistas, Karina teve que se abrigar em um espaço seguro do hotel onde estava hospedada para se proteger do furacão. À Itatiaia, a brasileira contou, nesta quarta-feira (29), que teve a sensação de que “iria morrer”.

“Eu fiquei bem tranquila. Eu não sei o que aconteceu com essa serenidade. Depois, ainda falei para o meu marido, ontem: ‘Sabe qual era a minha sensação? Que eu ia morrer’. Então, eu estava me conformando. Eu estava conformada com a morte”, disse Okamoto.

Ainda segundo a brasileira, ela e o marido só perceberam a gravidade da situação quando encontraram um grupo de brasileiros que estava perto da piscina, usando calça jeans e carregando bolsas.

“Eles vieram me chamar: ‘Ah, vocês são brasileiros!’. Eu falei: ‘Meu Deus, o que vocês estão fazendo de roupa?’. Eles responderam: ‘Não, a gente está esperando o furacão’. E começaram a conversar. Aí começou a bater o medo”, narrou.

Na semana em que o casal chegou à Jamaica, o furacão Melissa era apenas uma tempestade do Atlântico. Desde então, o que era uma fenômeno de baixa intensidade, evoluiu para um furacão de categoria 5 (maior na escala utilizada para medir a intensidade de furacões). Ele, inclusive, passou a ser considerado o mais potente a atingir a costa em 90 anos e o pior do século na Jamaica.

Proteção

Conforme Karina, à medida que o furacão se aproximava da Jamaica, o casal era orientado pela equipe do resort. Na manhã dessa terça-feira (28), ela e outros hóspedes tiveram que ir ao teatro do hotel para conhecer o espaço onde ficariam em segurança em caso de emergência. Os hóspedes brasileiros, conforme a Okamoto, eram os mais tensos com a situação.

Para se proteger, alguns amigos do casal chegaram ao teatro antes do horário combinado para escolher o melhor lugar. “Eles ficaram observando as áreas do teatro onde não houvesse nada que pudesse cair sobre nossas cabeças. Chegaram lá às 5 horas da manhã”, disse.

Os hóspedes só foram liberados durante a noite, quando o furacão havia deixado a Jamaica. Segundo a brasileira, apenas a varanda da hospedagem dela ficou destruída com os ventos fortes. A experiência do casal, no entanto, não foi a mesma de outros hóspedes.

“Eles liberaram alguns quartos. Os outros hóspedes tiveram que ir para recepção e depois foram encaminhados para um outro quarto”, lembra. Ainda segundo Okamoto, a equipe do resort disse que ela e o marido tiveram sorte. “A menina falou que o noss quarto estava melhor que o de muitos”, contou.

Momentos de tensão

Karina Okamoto relatou à Itatiaia que o momento de maior tensão durante a passagem do Furacão Melissa foi quando a energia elétrica acabou, e o teatro ficou escuro. Segundo ela, na maior parte do tempo, não dava para saber o que acontecia fora do abrigo.

“Eles começaram a colocar música para entreter os hóspedes. Então, não parecia que estava acontecendo nada lá fora. Só a hora que a gente saía para ir ao banheiro, que a gente dava uma olhadinha para ver. Mas a chuva estava tão intensa, que via tudo branco”, continuou Okamoto.

Sem água no banheiro

Por causa do furacão, o quarto onde o casal está hospedado ficou sem água. “Eu programei essa viagem faz tanto tempo, tem uns três anos. Era a viagem dos meus sonhos. Eu conheço vários lugares, claro, mas a Jamaica era um lugar que eu queria muito conhecer. E, assim, não deu para a gente fazer nada”, relatou a brasileira.

Apesar de não poder aproveitar a viagem como planejado, ela comemorou não ter ocorrido com o casal. “Já estamos são e salvos, então isso que é o principal”, concluiu. Okamoto espera conseguir retornar ao Brasil com o marido nesta quinta-feira (30). No entanto, ainda não sabe se as estradas estarão liberadas.

“O aeroporto está interditado desde domingo. Então, a gente estava preso na ilha. Meu voo está previsto para amanhã. As minhas amigas iam voltar hoje, mas todos os voos foram cancelados. Então, a gente está nessa expectativa de saber se volta, se não volta”, finalizou.

(Sob supervisão de Edu Oliveira)

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Rebeca Nicholls é estagiária do digital da Itatiaia com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo. É estudante de jornalismo pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH). Tem passagem pelo Laboratório de Comunicação e Audiovisual do UniBH (CACAU), pela Federação de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) e pelo jornal Estado de Minas