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Número de mortes em megaoperação no Rio de Janeiro supera o massacre do Carandiru

Pelo menos 119 mortes foram confirmadas em ação contra o Comando Vermelho; operação é a mais letal da história do estado e ultrapassa em vítimas o massacre ocorrido em 1992, em SP

A esquerda, corpos enfileirados após megaoperação nesta quarta-feira (29) e a direita, o complexo do Carandiru que começou a ser demolido

O estado do Rio de Janeiro confirmou na manhã desta quarta-feira (29) que pelo menos 132 pessoas morreram após a megaoperação contra o Comando Vermelho, realizada na terça-feira (28). Posteriormente, a Polícia Civil do RJ divulgou que foram 119 mortos, sendo 115 traficantes e quatro policiais.

Apesar da atualização da PCRJ, o número de mortos supera o massacre do Carandiru, ocorrido em 2 de outubro de 1992, quando 111 detentos foram assassinados durante uma ação policial na Casa de Detenção de São Paulo.

Entenda o caso do Massacre do Carandiru

O Massacre do Carandiru ocorreu em 2 de outubro de 1992, durante uma operação policial para conter uma rebelião no Pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo.

Na ocasião, 111 presos foram mortos após a entrada da Polícia Militar no local.

Seis julgamentos ocorreram desde então. No primeiro, em 2001, o coronel Ubiratan Guimarães, comandante da operação, foi condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 prisioneiros.

Os demais julgamentos ocorreram entre 2013 e 2014. Por envolver um grande número de vítimas e réus, o processo foi dividido em quatro partes.

Ao final, 74 policiais foram condenados pelas mortes, com penas que variavam de 48 a 624 anos de prisão.

O que aconteceu com a Casa de Detenção

A Casa de Detenção foi desativada em 2002, após uma rebelião que ocorreu no ano anterior em 29 unidades prisionais de São Paulo.

Ainda em 2002, três pavilhões do Carandiru foram implodidos.

Outros dois pavilhões foram demolidos em 2005. No local, foi construído o Parque da Juventude.

Atualmente, nos dois pavilhões que permaneceram de pé, funcionam a Escola Técnica Estadual (Etec) de Artes e a Etec Parque da Juventude.

Entenda a megaoperação realizada nessa terça-feira (28)

A operação, batizada de “Operação Contenção”, foi considerada a mais letal da história do estado. A ação teve como foco as comunidades da Penha e do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio.

De acordo com a Defensoria Pública do Rio de Janeiro, o número de mortes foi atualizado por volta das 10h30 desta quarta (29), chegando a pelo menos 119 vítimas, segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Na noite de terça-feira, seis corpos foram encontrados em uma área de mata, ainda não contabilizados oficialmente entre as 64 mortes confirmadas anteriormente, o que fez o número total subir.

A operação também resultou em 81 prisões e na apreensão de 93 fuzis.

Medidas de segurança e impacto na cidade

Por medida de segurança, escolas municipais e postos de saúde não abriram nesta quarta-feira (29).

Moradores relataram medo de novos tiroteios, mesmo com o trânsito já normalizado e com reforço policial nas ruas.

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A “Operação Contenção” foi deflagrada após mais de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

Cerca de 2,5 mil agentes participaram da ação, que também contou com o apoio de promotores do Ministério Público Estadual.

Foram utilizados helicópteros, drones, blindados e veículos especializados na remoção de barricadas.

Assim que as forças de segurança chegaram às comunidades, houve intensa troca de tiros.

Um vídeo registrou o momento em que traficantes do Comando Vermelho lançaram bombas contra policiais usando um drone. Criminosos também ergueram barricadas em chamas para tentar impedir o avanço das tropas.

Durante a operação, mais de 20 ônibus foram sequestrados e 120 linhas precisaram alterar seus trajetos. As mudanças afetaram vias importantes como a Avenida Brasil, Linha Amarela, Grajaú-Jacarepaguá e a Cidade de Deus.

Universidades e escolas também cancelaram as aulas devido aos confrontos.

(Sob supervisão de Aine Campolina)

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Izabella Gomes é estudante de Jornalismo na PUC Minas e estagiária na Itatiaia. Atua como repórter no jornalismo digital, com foco nas editorias de Cidades, Brasil e Mundo.